quarta-feira, 12 de abril de 2017

ENCONTRO DE GIGANTES


A cume entre o presidente Xi Jimping, de China, e o  presidente Donald Trump, dos EE.UU, realizado no refugio predileto do republicano, em Mar-a-Lago,  Florida, revelou que os laços, os interesses e o pragmatismo que fortaleceram por décadas as relações entre as duas maiores potencias do mundo, foram muito superiores ao contencioso entre os dois países engrossado por diferenças de posições respeitáveis, onde se destacam a soberania chinesa no Mar Meridional, a independência de Taiwan, o apoio da China à Coreia do Norte,  o enorme déficit comercial dos EE.UU com o dragão asiático, a visão sobre as respectivas  políticas de direitos humanos, a mudança do clima, o controle nuclear e outros temas espinhosos que, no dizer de um alto assessor chinês “todos podem ser incluídos numa ampla agenda  de negociações  e entendimentos”.

No rumo de relações internacionais produtivas e orientadas para a manutenção da paz, relações cordiais entre os dois gigantes não seria pedir muito, considerando que um conflito aberto (armado) entre os dois colossos traria consequências fatais para toda a humanidade. 
Anteriores declarações grandiloquentes do presidente americano que faziam duvidar do sucesso da visita de Xi,  o pragmatismo e o bom senso parece ter predominado, visíveis nas inúmeras razões para a manutenção das melhores relações para beneficio comum e na (aparente) manutenção de políticas de coexistência com o objetivo evidente  de ganhar-ganhar.
Para o consumo da mídia e do mundo externo,  ambas as partes pintaram o melhor dos mundos, revelando um firme interesse em manter um clima de sólida  amizade  cooperação,   tal como manifestou o presidente Xi: “ Existem mil razões para manter as melhores relações com os EE.UU  e nem um único motivo para não ser assim”. E acrescentou: “A cooperação é a única escolha correta entre China e EE.UU, sabendo que temos muitas analogias para trabalhar e  sermos muito bons parceiros”.
E claro, Trump aceitou o convite de Xi para visitar China, ainda este ano, que bem poderia cristalizar uma nova ocasião para reforçar e incrementar os laços que unem ambos os países.
Bem, esse mundo de tons róseos é o que todos queremos. No mundo real, só o tempo poderá dizer se essas expectativas favoráveis acharão guarida no mundo real e na tirania  dos fatos, dos interesses e das paixões.
E que, no vendaval de incongruências desse mundo louco e globalizado, lembramos   que para nós, pobres mortais, a verdade-verdadeira está cuidadosamente oculta nos bastidores desses magnos eventos, devidamente camuflado no protocolo, nos apertos de mão, nos comunicados de imprensa, nas fotografias com as elegantes esposas, nos banquetes e no trabalho competente de graduados assessores.
No andar da carruagem, num ano de 2017 repleto de alternativas, quem sabe não tardaremos muito para ter um vislumbre daquilo que realmente aconteceu nesse encontro que, pelas circunstancias especiais, tem tudo para ficar na Historia das relações entre os dois gigantes. 


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