A cume entre o presidente Xi Jimping,
de China, e o presidente Donald Trump,
dos EE.UU, realizado no refugio predileto do republicano, em Mar-a-Lago, Florida, revelou que os laços, os interesses
e o pragmatismo que fortaleceram por décadas as relações entre as duas maiores
potencias do mundo, foram muito superiores ao contencioso entre os dois países
engrossado por diferenças de posições respeitáveis, onde se destacam a
soberania chinesa no Mar Meridional, a independência de Taiwan, o apoio da
China à Coreia do Norte, o enorme
déficit comercial dos EE.UU com o dragão asiático, a visão sobre as
respectivas políticas de direitos
humanos, a mudança do clima, o controle nuclear e outros temas espinhosos que,
no dizer de um alto assessor chinês “todos
podem ser incluídos numa ampla agenda de
negociações e entendimentos”.
No rumo de relações internacionais
produtivas e orientadas para a manutenção da paz, relações cordiais entre os
dois gigantes não seria pedir muito, considerando que um conflito aberto
(armado) entre os dois colossos traria consequências fatais para toda a
humanidade.
Anteriores declarações
grandiloquentes do presidente americano que faziam duvidar do sucesso da visita
de Xi, o pragmatismo e o bom senso
parece ter predominado, visíveis nas inúmeras razões para a manutenção das
melhores relações para beneficio comum e na (aparente) manutenção de políticas
de coexistência com o objetivo evidente
de ganhar-ganhar.
Para o consumo da mídia e do mundo
externo, ambas as partes pintaram o
melhor dos mundos, revelando um firme interesse em manter um clima de
sólida amizade cooperação,
tal como manifestou o presidente Xi: “
Existem mil razões para manter as melhores relações com os EE.UU e nem um único motivo para não ser assim”. E
acrescentou: “A cooperação é a única
escolha correta entre China e EE.UU, sabendo que temos muitas analogias para
trabalhar e sermos muito bons
parceiros”.
E claro, Trump aceitou o convite de
Xi para visitar China, ainda este ano, que bem poderia cristalizar uma nova
ocasião para reforçar e incrementar os laços que unem ambos os países.
Bem, esse mundo de tons róseos é o
que todos queremos. No mundo real, só o tempo poderá dizer se essas
expectativas favoráveis acharão guarida no mundo real e na tirania dos fatos, dos interesses e das paixões.
E que, no
vendaval de incongruências desse mundo louco e globalizado, lembramos que para nós, pobres mortais, a
verdade-verdadeira está cuidadosamente oculta nos bastidores desses magnos eventos, devidamente camuflado no
protocolo, nos apertos de mão, nos comunicados de imprensa, nas fotografias com
as elegantes esposas, nos banquetes e no trabalho competente de graduados
assessores.
No andar
da carruagem, num ano de 2017 repleto de alternativas, quem sabe não tardaremos
muito para ter um vislumbre daquilo que realmente aconteceu nesse encontro que,
pelas circunstancias especiais, tem tudo para ficar na Historia das relações
entre os dois gigantes.