quinta-feira, 30 de junho de 2016

O MONSTRO À ESPREITA (I)


O Procurador Federal, Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, na ocasião da entrega na Câmara dos Deputados a sugestão de uma mudança da legislação que pune os delitos de corrupção – respaldada por mais de 2 milhões de assinaturas - afirmou que “a corrupção** no Brasil é histórica, endêmica, sistemática e se arrasta ao longo das últimas décadas".

(Corrupção vem do latim corruptus, significa quebrado em pedaços. O verbo corromper significa “tornar pútrido”. Uma definição geralmente aceita é a utilização do poder ou autoridade para conseguir vantagens indevidas para um grupo, ou próprio interesse, ou familiar ou amigo).

Dallagnol destacou que o crime de corrupção não é exclusividade de um determinado partido ou governo e atribuiu à impunidade um dos principais fatores de estímulo a este tipo de prática, afirmando que “no Brasil a punição da corrupção é uma piada de mau gosto. A punição começa com dois anos e a pessoa acaba prestando serviços à sociedade e vai doar cestas básicas. Estamos expostos a nossos inimigos”. Com o forte agravante que, segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas, a probabilidade de punição em casos de corrupção é de 3%.

Longe de permanecer restrita aos partidos políticos e seus membros, governantes e servidores públicos, essa monstruosidade maldita se espalha por toda a sociedade, a começar pelos mais poderosos – empresas, entidades, profissionais, pessoas – que, direta ou indiretamente, participam ou colaboram com esse inimigo da moral e da ética, minando quaisquer metas de qualidade de vida e atrasando um futuro melhor para a maioria da sociedade.

Calil Simão, jurista e presidente do Instituto Brasileiro de Combate a Corrupção, afirma que “a corrupção social ou estatal é caracterizada pela incapacidade moral dos cidadãos de assumir compromissos voltados ao bem comum. Vale dizer, os cidadãos mostram-se incapazes de fazer coisas que não lhes tragam uma gratificação pessoal”.

Os aliados

Numa visão geral, a corrupção anda sempre de mãos dadas com a total falta de ética e uma extraordinária capacidade para atuar às escondidas. E, com uma desfaçatez impecável, seus adeptos sabem muito disfarçar sua face repugnante trás uma fachada de imponência, esbanjando importância e soberba, fazendo questão em vender uma imagem pasteurizada do tipo “cidadão acima de qualquer suspeita”.

Entre seus aliados infalíveis e sempre dispostos a servir seus propósitos inconfessáveis, merecem destaque especial: a burocracia, em todos seus níveis e formas; as leis, que esquecem a Justiça e o Interesse Público; a ambição, que destrói o caráter; as organizações, quando seus líderes carecem de firmeza moral; os costumes, que petrificam os maus hábitos no altar do “sempre foram assim”; os controles, que entronam a fiscalização (e os fiscais); e a moral convencional, que olha para outro lado para ignorar essa apropriação imerecida.  Bem, vocês podem também descobrir muitas cabeças mais para esse monstro que, abertamente ou às escondidas, cobra uma parcela de nosso bem estar.

Mal, ainda que antigo e com raízes profundas na sociedade, não por isso deve deixar de ser combatido com todas as armas possíveis, a começar pela manutenção de uma imprensa livre e o fortalecimento da ação de quase uma centena de ONGs que no mundo todo lutam sem trégua contra esse ladrão empedernido.


Nota: Numa antiga inscrição assíria, de 2.600 anos A.C. conservada no Museu do Homem, em Londres, pode ler-se: ”Nos dias atuais, a corrupção **envenena a sociedade; os filhos não obedecem mais seus pais; a moral já deixou de ser um guia para a conduta de nossos líderes; e assim o fim do mundo está se aproximando”. ··.

quarta-feira, 22 de junho de 2016

DO MEU CADERNINHO PRETO



Novos sistemas de gestão estão tomando de assalto os dogmas tradicionais de como fazemos as coisas funcionarem no dia-a-dia dos negócios, colocando sob a lupa o trabalho dos administradores que, atordoados com as mudanças vertiginosas das expectativas de sociedades colapsadas, perderam a visão apropriada de como alavancar o sucesso.

Vale então repassar a alguns ENSINAMENTOS DE MESTRES;

Empresa do futuro (Alvin Toffler)

 “A Terceira Onda traz consigo uma crescente demanda em uma espécie totalmente nova de empresas não mais responsáveis apenas por fazer lucro e produzir mercadorias, mas por simultaneamente contribuir para a solução de problemas extremadamente complexos, ecológicos, morais, políticos, raciais, sexuais e sociais.
A redefinição não é uma questão de escolha, mas uma resposta necessária a cinco mudanças revolucionárias nas condições atuais de produção: mudanças no ambiente físico; no alinhamento das forças sociais; no papel da informação; na organização do governo; e na moralidade, tudo influindo na empresa para lhe dar uma nova forma, multifacetada e multiproposital.

Em companhia após companhia podemos esperar uma batalha interna entre os que se apegam a empresa de propósito único da passada Segunda Onda e os que estão prontos para topar com as condições de produção da Terceira Onda e lutam pela empresa multifacetada do amanhã”.


Ironia (John K. Galbraith)

 “Em tempos de crise, a solução salvadora que ocorre aos economistas, rapidamente apoiados pelos governos, é propor o aperto dos cintos, a aceitação da penúria, das dificuldades, conformação e paciência”.
Essa é uma reação natural. Poucos podem acreditar que o sofrimento, especialmente dos outros, seja em vão.
Qualquer coisa que seja desagradável deve, com certeza, trazer efeitos econômicos benéficos.”.

Humor (Peter Parkinson)

“A recente descoberta, num determinado campo de operações militares, de que o número de soldados mortos era inversamente proporcional ao número de generais”... do lado contrário, abriu um campo novo de pesquisas, na medida em que é de supor-se que a hierarquia militar pode (é) transplantada para o campo administrativo.

Eis alguns exemplos:

* Para subir no mais alto degrau da organização, procure desfazer-se do pessoal mais competente.

* A idade de obstrução está em razão inversa ao número de novas ideias que o chefe aceita.

* O vírus da intolerância é encontrado no sangue de certos chefes e contém dois elementos químicos, a saber: a) o melhor não é o suficientemente bom; e b) não há desculpa para nada.

* O tempo despendido na discussão de cada item de uma agenda está em razão inversa da soma discutida.

* O trabalho aumenta até preencher o tempo necessário para sua execução. “A prova disso é que o homem mais atarefado é aquele que dispõe de horas vagas.”

* Encontramos em todas as partes do mundo certo tipo de organização, na qual os funcionários mais importantes são vagarosos e obtusos; os menos importantes são ativos somente nas intrigas contra os outros; e os demais, são frustrados ou frívolos.
“Essas organizações são como vaga-lumes: aparecem e desaparecem sem deixar rastros.”

Os novos empreendedores podem usar essas afirmações como bons conselhos para o sucesso de seus negócios.




terça-feira, 14 de junho de 2016

REFLEXÕES NO FINAL DE UMA TARDE FRIA


Sem dúvida, participamos de um tempo de conflitos alucinantes, onde o entrechocar de ideologias, interesses e paixões assaltam nosso universo mental buscando o predomínio dessa ou daquela imagem psíquica que melhor represente o mundo no qual existimos.

Imagem que, de qualquer ponto de vista, é mutante, de vida transitória, sem raízes em nosso espírito e que, de modo implacável, é açoitada continuamente por um dilúvio de novas ideias, descobertas e mudanças incontroláveis que teimam em mergulhar o individuo em rios de águas que correm alocadas para mares de confusão, incredulidade e desamparo.

Isso ajuda, se para outra coisa não serve, na explicação para a proliferação de conflitos, a fragilização da família, o aumento do consumo de drogas, a banalização do sexo, a discriminação preconceituosa das diferenças, o uso crescente da violência, o desrespeito da ética, a promoção do consumismo, o esquecimento da solidariedade, enfim, a lista de buracos negros no tecido social parece aumentar na medida em que somos arrastados na busca desesperada de alguma coisa – qualquer coisa – que proporcione sustentação e guia crível no caminhar para um futuro que atenda nossos anseios e esperanças.

Nesse cenário caótico, os grandes atores - o ESTADO, as LEIS, a JUSTIÇA e o DIREITO – precisam urgentemente (desesperadamente¿) serem realmente acessíveis para as PESSOAS, essa massa de desconhecidos que, queiram ou não, aceitem ou não, é a razão primeira de toda a estrutura organizacional de uma Nação.

Às vezes, entre as tantas duvidas que assaltam nosso quotidiano, fica a interrogante das razões que impedem que a maioria das pessoas – seria pedir muito¿- possam, se não entender, pelo menos acreditar no Sistema de Justiça, que mais se parece a uma torre de babel elevada para além da compreensão dos míseros mortais, apenas reconhecida pelo saber convencional como o castelo que guarnece os interesses dos poderosos, políticos e magnatas, de preferência.

É preciso, para que a democracia seja algo mais que uma palavra vazia para ser usada como muleta ou desculpa para explicar inverdades, simplificar. E, depois, simplificar. E continuar simplificando, até terminar com o anátema popular: Para que simplificar, se podemos complicar¿.

Essa simplificação – utopia¿ - seria muito importante para combater a corrupção, que entre seus aliados infalíveis e sempre dispostos a servir seus propósitos inconfessáveis, merecem destaque especial:  As leis, que esquecem a Justiça e o Interesse Público; a burocracia, em todos seus níveis e formas; a ambição, que destrói o caráter; as organizações, quando seus líderes carecem de firmeza moral; os costumes, que petrificam os maus hábitos no altar do “sempre foram assim”. Bem, vocês podem também descobrir muitas cabeças mais para esse monstro que, abertamente ou às escondidas, cobra uma parcela de nosso bem estar.

Será proveitoso refletirmos por um momento sobre a imensidão dos ensinamentos de Confúcio que, 2.500 anos atrás, conseguiu traduzir seus ensinamentos sobre ética, governança, sociedade, respeito, família, visão harmoniosa da vida, felicidade, relações humanas, amor, natureza, enfim, seus preceitos fluem como uma corrente luminosa de virtudes que dão origem a um mundo melhor.
E, pasmem, tudo simplificado em poucas centenas de frases!

Esculpida em jade sobre um mural emblemático no Templo do Céu próximo da encosta Sul do Himalaia, erigido em homenagem a Confúcio, brilham as palavras plenas de sabedoria do grande mestre refletidas nas cores douradas do pôr do sol: “Só os homens nobres (em termos morais) deve governar e devem rodear-se de homens virtuosos. As ações do homem nobre no estado e na sociedade são expressão de sua moral e de sua obediência filial, adquiridas mediante a prática constante".