Uma realidade cruel
Os
mais sábios afirmam que as crises são cíclicas, inevitáveis e servem para pôr a
prova o direito real do homem à sobrevivência. Tem, para muitos, o efeito de
uma capina de proporções gigantescas que, como fruto radioso, vai
possibilitar o desenvolvimento sadio da planta-mãe da prosperidade.
Até porque, de um modo ou de outro, tem sido assim desde os tempos bíblicos.
Nos últimos
anos, essa “capina” tem sido particularmente severa nos países
emergentes, o Brasil no meio, que devem pagar o preço das loucuras da má gestão
econômico-financeira de alguns assim como o desprezo incrível nos padrões de
ética e de moralidade, associados ao aumento da desigualdade e sua corte de
malefícios sociais. E tudo, embalado na volatilidade de uma massa fantástica de
recursos que, sem rumo e sem pátria, procura apenas o lucro, “duela a quién duela”.
Novos paradigmas
Nessa insanidade, que
hipoteca o futuro, as grandes e mais ricas nações tem culpa redobrada, dando a
impressão, muitas vezes, de contemplar o mundo do alto de sua soberba, sempre
pródigos do velho conselho: “façam o que
eu digo, não o que eu faço”. Traço típico do um colonialismo caduco!
Assim,
os mais fracos - países, empresas e pessoas-- são os que pagam a maior
parte da conta gerada pela ineficiência mundial – e sua dose infinita de egoísmo - em formular
e adotar sistemas mais seguros de convivência e distribuição da riqueza global.
Daí
resulta imperioso estabelecer-se um sistema que procure harmonizar os
interesses das nações mais poderosas com os justos anseios das menos afortunadas
que, por outra parte - não podemos esquecer! - serão mercados muito mais
interessantes quanto mais usufruírem da riqueza planetária.
Por outra parte,
resulta evidente que a forma do jogo econômico para os próximos anos já está
delineada, confirmando uma interdependência cada vez mais forte entre as
nações, onde todos dependem de
todos, numa espécie de imenso carrossel onde o equilíbrio é obtido,
ainda que precariamente, na continuidade do movimento.
No mesmo barco
A “crise” desse começo
de Século, se para outra coisa não serve, prova como são fortes as amarras econômicas
que prendem as nações e, ao mesmo tempo, comprova como é frágil à estrutura
mundial de geração e distribuição equitativa de riqueza tem uma capacidade
imensa para gerar perigos impensados para a segurança global.
Tanto
é assim que em diversos pontos do mundo, inclusive no Brasil, movimentos
iniciados por lideranças que possuem a sensibilidade e a ousadia de tentar
formular novos paradigmas, começam a esboçar um novo modelo que, na sua
essência, pretende oferecer alternativas para substituir as regras do
jogo das nações e das empresas nessa luta pelo predomínio mundial a qualquer
custo.
Nessa busca de soluções, alguns trazem a tona princípios
da teoria alemã de desenvolvimento das décadas de 50/60, traduzida nos
conceitos de “economia social de mercado”, firmemente entrelaçados com o
respeito e preservação do meio ambiente. Enfim, tudo serve parar enriquecer o
debate e encontrar caminhos mais convenientes para evitar que a desigualdade
global seja o estopim de novas crises de efeitos terríveis.
Felizmente,
esse esforço está privilegiando a consolidação de uma nova visão menos egoísta
e mais direcionada para valorização da pessoa como ser social e objetivo primeiro dos
sistemas de gestão das nações