A China cresceu “apenas”
6,9% em 2015, a menor taxa desde 2001. Bem, um dos fatores relevantes nesse desempenho inferior àqueles já
tradicionais exuberantes 10-12% com os quais o país
asiático costumava assombrar o mundo, foi a brusca queda das exportações,
especialmente para os parceiros mais representativos no comércio exterior
chinês, como os EUA, a UE e o Japão.
Fascinados
pelo crescimento espetacular da China nas últimas três décadas, fica difícil
para os analistas ocidentais explicar esse voo rasante da segunda maior
economia do planeta, abusando dos clichês pessimistas do tipo “o fim está próximo”.
Mas, de qualquer modo, o
desempenho da economia da China nesse ano pode ser considerado “bom”, segundo
Wang Qing, economista chefe do banco Morgan Stanley para Ásia, quando compara
esse resultado “robusto” com os dados do FMI que estima 2,9% para o crescimento
da economia global no período, assim como os 2,4% registrados pelos EUA e 0,9%
para a cambaleante economia da União Europeia.
(Do Brasil, é melhor nem
lembrar).
Wang Xiaoguang, renomado
especialista do Instituto Investigação Econômica de Pequim, comentando a
redução do ritmo de crescimento da economia do gigante asiático, aponta um
fato, geralmente despercebido, que
merece a mais cuidadosa atenção: “Não
pode olhar-se apenas para a taxa de crescimento de um país como um valor
absoluto. Temos que considerar algo
muito mais importante, que é como essa riqueza adicional é distribuída entre a
população. Porque ai sim temos uma sólida base para avaliar até que ponto a
evolução presente, contribui com o equilibro social e aumenta o poder de
consumo da maioria, que é uma das metas críticas de nosso Plano Quinquenal de
Desenvolvimento 2016-2020. Felizmente, nessa área, temos alcançado excelentes
resultados”.
Uma visão
mais apropriada é claramente destacada no XIII Plano Quinquenal, recentemente
aprovado, diretriz básica que estabelece a política de China para o quinquênio
2016-2020, a qual, entre outros pontos, estabelece como meta “um crescimento médio alto, com ênfase total
no desenvolvimento da gente”.
(Meio-alto pode também traduzir-se como
qualquer ritmo de desenvolvimento anual entre 5% e 8%).
Assim, numa
reviravolta estratégica crucial, o novo foco passa dos investimentos e as exportações,
para as pessoas. Desse modo, a
política oficial deixa um pouco de lado
os pressupostos que nortearam os esforços do desenvolvimento desde1978 e que,
sem duvida, foi um dos fundamentos para o admirável êxito econômico da terra do
dragão.
Em tempo, vale lembrar que os 750
milhões de habitantes rurais usufruem de uma renda de apenas 33% daquela
desfrutada alegremente pelos privilegiados habitantes urbanos, um mercado
potencial quase 4 vezes maior que o brasileiro.
De outro modo, esse objetivo chave
para definir o futuro da China pode ser melhor exemplificado nas palavras do
presidente Xi Jinping: ”Queremos
construir uma sociedade modestamente acomodada y materializar o
rejuvenescimento da nação mediante um crescimento sustentável através do
aprofundamento das reformas e a transformação do modelo de crescimento. È o
sonho da fortaleza e da prosperidade”.
Bem, de
qualquer modo, uma das consequências naturais dessa importante mudança é o aumento da demanda de bens de consumo,
em níveis que certamente abrirão novas e promissoras oportunidades para nossos
empresários-empreendedores.