quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

UM NOVO TROPEÇO


 A fartamente comentada nova crise mundial de 2016 é um outro episódio daquilo que alguns economistas de vanguarda costumam apelidar como “soluços crônicos do sistema capitalista”. É que, na verdade, nos últimos 300 anos esse fenômeno, se repete incansavelmente, ainda que com diferentes tons e efeitos, lembrando a fragilidade das estruturas criadas para dirigir a economia e os caminhos a ser percorridos pela humanidade.

A mais recente, cujos efeitos ainda perduram, foi o terremoto financeiro iniciado em 2007 turbinado pelos subprime (créditos podres) que, para alegria de poucos e o desespero de muitos, marcou o primeiro grande desastre da economia globalizada no Século XXI, cujos efeitos desastrosos foram mais notórios, como sempre, na maioria que menos tem e mais precisa.

Agora, nesse começo de ano – que para os chineses é o ano do macaco, iniciado em 08 de fevereiro, pleno bons presságios de acordo à tradição – a economia mundial procura vacilante um caminho tentando o equilíbrio no meio das incertezas derivadas da queda do ritmo de crescimento da China; da elevação da cotação do dólar em relação às moedas de países emergentes; da redução do preço das commodities, o petróleo é destaque; do aumento dos desentendimentos entre as grandes potencias; da desconfiança da classe empresarial e da redução dos investimentos produtivos.
Isso, apenas para citar os entraves mais conhecidos que tiram o sono dos responsáveis por manter taxas de desenvolvimento adequadas em 9 de cada 10 países do globo.

Em tempo: Um aspecto normalmente ignorado é que essa forte borrasca carrega, escondido convenientemente entre negras nuvens, um fato intrigante (?) que acende um sinal vermelho para manutenção do consenso social e que foi definido por Joseph Stiglitz – Premio Nobel e critico cáustico do sistema atual de produzir riqueza - como “um notório acirramento da diferença na distribuição da renda mundial”.

O que se verifica, tal como atestam prestigiosas organizações internacionais, é o fato preocupante de que, apesar das crises – ou como resultado delas, como muitos suspeitam – a concentração da riqueza aumenta exponencialmente, atingindo o absurdo de que apenas 1% da população possui o equivalente à renda dos demais 99% de habitantes deste sofrido Planeta.

O sistema reserva instrumentos apropriados para esse saque da riqueza planetária em beneficio de privilegiados, como bancos, juros, bolsas de valores, promoção do consumismo, cumplicidade do governos corruptos, entidades multinacionais, conflitos de toda natureza e, como não podia deixar de ser, as 1.000 maiores empresas do planeta. E outros, cuidadosamente escondidos nos porões onde são guardadas as indignidades da Historia.
Lideranças esclarecidas  advertem que essa situação está no centro das forças que empurram uma boa parte da sociedade para a violência, a insegurança, as drogas e uma descrença total nos valores mais apreciados da condição humana.

Contudo, ainda que abatidos por esse caos, nunca podemos esquecer que, tal como registra a História desde tempos imemoriais, sempre depois da tempestade o sol volta a brilhar!

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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

A QUEM INTERESSA


A queda aparentemente sem freio da economia brasileira é alegremente festejada nos subterrâneos de Wall Street, em Nova York, e da City, de Londres, antecipando uma festança animada pela queda de valor dos ativos brasileiros, propiciando sua compra a “preços de banana”, na expressão burlona de um executivo londrino do ICAP GROUP, líder mundial do setor de transações e investimentos internacionais.

O que, em outras palavras, significa que os abutres estão de plantão, torcendo para que o pior aconteça o mais rapidamente possível e chegue o momento de aproveitar-se de um prato tão saboroso, temperado com doses generosas de meias verdades, desinformação, interesses obscuros, deturpação, cegueira, preguiça, enfim, todos aqueles condimentos que possam contribuir para criar um clima adequado para empurrar o Brasil para o fundo do poço. E, de todos os modos imagináveis, tirar o máximo proveito dessa situação, com total indiferença às necessidades e interesses da imensa maioria da população.

E bom ter presente que esse costuma ser o ambiente onde trocam cumprimentos políticos hipócritas e desonestos, empresários corruptores, falsos defensores da moral nacional, mafiosos, lobistas, monopolistas ávidos por lucros desmedidos, malandros, magnatas da imprensa marrom – daqui e de outros cantos do planeta - e muitos outros aproveitadores que, agindo na contramão do interesse da sociedade, procuram tirar o máximo proveito do imbróglio que eles ajudaram a construir e, por todos os meios, tentam perpetuar.

Na tentativa de registrar um resumo parcial dessas “forças ocultas” – lembrando o principal argumento do ex-presidente Janio Quadros, em 1962, para justificar sua renuncia e precipitar o Brasil no caos que levou à ditadura – lembramos que esse costuma ser um ambiente onde trocam cumprimentos hipócritas políticos com culpa no cartório e sem outro interesse que encher seus bolsos, empresários desonestos, corruptos de carteirinha, lobistas de todos os cantos do mundo, magnatas da imprensa marrom - e muitos outros aproveitadores que, agindo na contramão do interesse da sociedade, procuram tirar o máximo proveito do imbróglio que eles ajudaram a construir e, por todos os meios, tentam perpetuar.

De tudo, a primeira vitima é a VERDADE. E a JUSTIÇA, cega e violada, encobre seus olhos e procura um canto escuro para esconder sua vergonha.
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Ainda, para obscurecer mais um panorama já carregado de tons sombrios, temos que reconhecer que a sorte foi esquiva para o País somando uma sequela de catástrofes de efeitos devastadores, como os efeitos terríveis do “El Niño” sobre nosso clima e nossa economia; a exacerbação do problema interno da Petrobras que, adicionado à queda do preço internacional do petróleo, põe em sério risco o projeto pré-sal; a catástrofe de Mariana, ocasionando um desastre ecológico de consequências desastrosas; a queda do preço das commodities exportadas; a crise internacional que, entre outros efeitos negativos, diminui os fluxos de investimentos internacionais; enfim, isso foi apenas uma parte desse tsunami que varreu o País em 2015.

Mas, acreditem, a Nau Brasil chegará a um bom porto!

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

DAVOS 2016


Davos, a famosa estação de esqui da Suíça foi, uma vez mais, palco do Fórum Econômico Mundial, reunindo quase 3.000 figuras exponenciais dos negócios, das finanças, dos governos e de entidades chaves na condução das atividades que fazem a riqueza (e as tribulações) de nossa civilização nesse princípio de Século XXI.

No cardápio oficial, a discussão de grandes temas que perturbam a boa marcha da sociedade planetária, como crise energética, mudança climática, terrorismo, novas tecnologias, meio ambiente, comércio internacional, crise migratória, desemprego, enfim, tem para todos os gostos, necessidades e interesses.

Temas não faltam! Mas existe uma constante recorrente: O começo da solução de alguns dos mais graves problemas globalizados passa, obrigatoriamente, pelo acolhimento dos interesses daqueles que detém o poder e os recursos, sejam pessoas, conglomerados empresariais ou nações. A História é pródiga em exemplos!

De qualquer modo, abrindo a lista de discussões “top”, predomina uma análise mais acurada daquilo que foi denominada como “a quarta revolução industrial”, uma mudança significativa na estrutura de produção de bens, que nos próximos 5 anos resultariam na perda de 5 milhões de empregos, apenas nas nações industrializadas, como resultado imediato do uso mais intensivo de equipamentos mais sofisticados – os robôs merecem destaque -.e de tecnologias mais avançadas para melhoria da produtividade, quase sempre em detrimento da mão de obra. Que, como é norma da cultura capitalista, é o primeiro item a ser desprezado quando se busca manter ou aumentar a competitividade. E os lucros!

Enfim, desde que mais de 80 governos marcaram presença com a participação de representantes do mais alto escalão, muitos acreditam que, politicamente, encontros e conversam informais entre essas lideranças ajudem aplainar arestas que prejudicam a harmonia entre nações, contribuindo para fortalecer a paz.

Claro, também usando o encontro para “vender suas respectivas regiões como o melhor lugar do mundo para investir... e lucrar”, desde não pode ser desperdiçada a oportunidade de atrair o interesse de alguns detentores das maiores fortunas da terra, líderes de incontáveis empreendimentos de influencia decisiva na economia mundial.

Nesse desfile de personalidades “top”, nossos ministros da área econômica tentam, freneticamente, convencer os céticos possuidores dos cordões mágicos que abrem as bolsas do dinheiro de que o Brasil continua sendo um dos melhores lugares do mundo para investimentos e que os pífios resultados dos últimos tempos são apenas detalhes – a crise mundial é o grande vilão e serve de saco de pancadas para explicar o desastre de nossa gestão econômica - - que não comprometem a lucratividade e a segurança dos negócios.

Obviamente, não existem garantias de que algo novo ou espetacular surja desses encontros, embora importantes personalidades divulguem projetos interessantes para ajudar a grupos menos favorecidos e mais carentes do Planeta.

Sem dúvida, um ponto positivo dessa cúpula com tantas estrelas dos negócios de nosso mundo globalizado.




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