segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

DISTRIBUIÇÃO DA RIQUEZA GLOBAL


Os mais prestigiosos “think tanks” do planeta, a começar pelo Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade de Berkeley (Califórnia, EUA), coincidem que a crise atual é muito diferente das anteriores, lembrando que o “Efeito Tequila” da México (1995) e o colapso do Sueste Asiático (1997-1998) tiveram sua origem em economias emergentes e não exerceram impactos significativos nos países desenvolvidos.

Porém, pelo contrário, a crise atual surgiu e foi alimentada nos países ricos e, pelo seus efeitos multiplicadores, contaminou o resto do mundo, numa onda que alerta para o significado da globalização e deixa como seqüela, queiramos ou não, a nítida sensação de que todos dependemos de todos. Ainda, nesse conjunto infeliz de calamidades, as zonas mais desamparadas do globo assim como os setores mais vulneráveis da sociedade são as que mais sofrem normalmente indefensos diante a queda vertiginosa de expectativas e mercados.

Agora, o dado curioso é que a riqueza das pessoas que mais podem e têm não cessa de aumentar, inclusive durante todo o período de colapso da economia global de 2007 até o presente. Segundo os dados divulgados no estudo “Prosperidade Global” patrocinado pelo Credit Suisse - centenária instituição bancária Suíça que entre outros títulos, é considerado o maior administrador de grandes fortunas do mundo - esse comportamento paradoxal ante o clima de incertezas da economia global fica evidente pelo aumento riqueza do 1% mais ricos do planeta, os quais em apenas em um ano, de 2013 até 2014, registraram uma crescimento de suas fortunas US$ 20,1 trilhões - 8 vezes o PIB-Produto Intero Bruto - do Brasil, para assim somar, no acumulado global, US$ 263 trilhões, ou 3,5 vezes o PIB mundial.

O estudo revela que no mundo há 128.200 pessoas com mais de US$ 50 milhões, sendo que metade delas possui ao menos US$ 100 milhões No Brasil, há 1.900 pessoas com fortunas desse tamanho e América do Norte é o continente com a maior concentração dessa riqueza.

  Essa centrlalizaçõlevanta, também, a questão da desigualdade e do abismo entre ricos e pobres não apenas por anseios generalizados de justiça social, senão, especialmente, por seus efeitos nos mercados e no crescimento das nações.

Grandes empresas globais já perceberam que uma riqueza melhor distribuída gera negócios sustentáveis, apoiados em mercados consumidores em constante evolução.  Ou, em outras palavras: O crescimento dos países pobres, afiançado numa demanda crescente das camadas de menor renda, também é muito importante para sustentar o desenvolvimento dos países ricos. Em tempo: De acordo com Fortune, o lucro conjunto das 500 maiores empresas do mundo subiu 27% em 2013.

“A polêmica mudança na distribuição de riqueza é hoje um dos tópicos mais discutidos no mundo”, diz o relatório, citando o economista francês Thomas Piketty, autor de O Capital no Século 21, que aborda exaustivamente o fato de os mais ricos acumularem riquezas mais rapidamente do que o avanço da atividade econômica.

O tema á crucial para o avanço sustentável da economia mundial e merece mais análises e discussões para identificar e tentar alterar o que tem de errado, nesse particular, nosso sistema de produção de riqueza.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

CRISE & DESIGUALDADE


O mundo, em especial as nações ocidentais, continua com sua tarefa gigantesca de equilibrar suas economias e retomar a senda do crescimento, conhecedoras que são que esse é uma necessidade imperiosa para afiançar o bem estar de suas populações nos anos que virão.

Para não perder a costume de procurar bodes expiatórios que não podem revidar, muitas lideranças - e aí são destaque os países em desenvolvimento – acham politicamente interessante jogar a culpa na globalização pela extensão da crise que assola a humanidade há mais de oito anos, esquecendo convenientemente que, em muitos casos, o descalabro econômico – e suas conseqüências - é também resultado da péssima governança de seus dirigentes, o Brasil no meio.

Em verdade, a globalização não tem pai nem mãe, não tem profetas nem fundadores, muito menos objetivos, compromissos ou responsabilidades. Tem, isso sim, vítimas e aproveitadores.

Assim, através dos séculos, na sombra de toda teoria econômica, esse fenômeno foi se fortalecendo e ganhando espaço num planeta cansado de tanta exploração e desatinos. Isso, até chegar ao ápice nas últimas décadas, quando os interesses dos que tudo podem encontraram o aliado ideal no casamento da tecnologia com os mercados.

Para assombro, real ou fingido, de muitos de nossos mais doutos economistas, a “crise” teve efeitos absolutamente impensáveis pelos especialistas em prever os rumos da economia e a distribuição de riqueza: Nos últimos anos, os ricos -1% da população mundial - ficaram substancialmente mais ricos. Já o restante da sociedade sofreu uma diminuição de sua renda, com um aumento mais que proporcional no número de pobres, remediados e miseráveis.

As pesquisas e análises sobre os efeitos da crise na distribuição da riqueza se multiplicam sob os auspícios de prestigiosas universidades e entidades internacionais como, por exemplo, um importante estudo conduzido pelos professores Emmanuel Saez e Gabriel Zucman, da Universidade da Califórnia em Berkeley (Estados Unidos) e da LSE (Inglaterra) mostrando que os 0,1% americanos mais ricos ─ ou 160 mil famílias, com patrimônio médio de cerca de US$ 73 milhões - detêm mais de um quinto de toda a riqueza do país, ou o mesmo montante controlado pelos 90% dos americanos mais pobres.
Existem todos os tipos de razões pelas quais tais aumentos na desigualdade são preocupantes, e não apenas para aqueles que estão na base da pirâmide de riqueza, senão que também por lideranças esclarecidas que advertem que essa situação está no centro das forças que empurram a uma boa parte da sociedade para a violência, a insegurança, as drogas e uma descrença total nos valores mais apreciados da condição humana. Assim, é previsível a ruptura do tecido social com suas nefastas conseqüências.
Enfim, tem algo de muito errado na forma em que a riqueza do mundo é distribuída, especialmente considerando que a “crise” devia exercer seus efeitos malignos sobre todos proporcionalmente (em teoria) e, na realidade, apenas aumentou as desigualdades.






segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

APLAINANDO O FUTURO


Nas últimas três décadas, a China experimentou uma transformação dramática e substancial na medida em que passava de uma economia que obedecia rigidamente os princípios do comunismo ortodoxo para uma nova fase batizada de “socialista de mercado” com o objetivo de extrair o melhor de ambos os sistemas sem perder de vista a necessidade de manter o equilibro de forças que até então eram consideradas antagônicas e naturalmente excludentes.

No presente, longe dos anos que o país compartilhava com a Índia a triste condição de albergar o maior número de pobres e famintos do planeta, hoje a China assume uma posição de liderança – é a 2ª. maior economia do mundo, somente superada pelos EUA - e não há duvidas de que, de várias maneiras, tem afetado o equilibro mundial vigente no éculo XX fazendo a balança da produção de riqueza pender para Ásia pela primeira vez nos últimos 1.000 anos.

Em 2014. O PIB (Produto Interno Bruto da China) cresceu “apenas” 7,2%, o que, ainda longe dos 10% de evolução do qual o mundo estava acostumado foi, sem dúvida, o maior índice entre as grandes economias do mundo num período de crise dos negócios globalizados. E mais; obtidos em momentos de transição quando o governo imprime uma severa mudança de rumo, passando de um crescimento com ênfase nas exportações e nos investimentos para dar prioridade ao mercado interno e a distribuição de renda
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Essa mudança, que sacrifica alguns setores – a produção de aço e a demanda algumas de commodities estratégicas são exemplos que afetam diretamente o Brasil – tem sua compensação no crescimento do consumo interno e na consolidação de uma classe média que já supera os 300 milhões de consumidores com uma perspectiva o longo prazo de manter taxas de evolução próximas aos 5% ao ano.

È claro que o país enfrenta problemas imensos, do tamanho de seu gigantismo que reúne, praticamente, 20% da população mundial e que exige esforços extraordinários de sua governança para manter a nave no rumo planejado que, em síntese, no dizer de Liao Ping Jeting, diretor do Instituto de Ciências Econômicas, poder resumir-se em superar os EUA e ser reconhecida como a maior economia no planeta Isso já no dobrar da esquina do primeiro quarto de Século!

Por agora, pode conformar-se com a abertura de sua economia ao mundo, superando aos EUA nas suas transações de comércio global; é o maior investidor global e seus projetos já começam a fazer parte dos cenários de quase todos os países em desenvolvimento, ocupando e superando as realizações de Europa e dos EUA nos século XIX e XX; suas reservas internacionais superam os três trilhões de dólares; suas universidades acolhem mais de trinta milhões de alunos, com notável preferência para as ciências exatas.

 E tem muito mais sendo que, pacientes e previdentes, de muitas formas, está na vanguarda dos países que se preparam para os desafios crescentes do futuro.

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terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

UMA NOVA ORDEM MUNDIAL


UMA NOVA ORDEM MUNDIAL

 

Resulta por demais evidentes que nos encontramos numa época sem precedentes nos tempos modernos, demarcada por uma conjugação de tendências conflitantes que, tudo parece assim indicar, devem ser os primeiros sinais de uma mudança profunda no relacionamento entre as os povos, as pessoas e as nações e, destes, com o Planeta Terra.
Apenas uns poucos símbolos visíveis dessa mudança planetária podem ser observados nesse início de Século XXI, por exemplo, no incrível avanço da ciência, da tecnologia e do conhecimento como matéria prima para a democratização do progresso; na ascensão à presidência de um ex-operário no Brasil, de um indígena na Bolívia e de um negro nos EUAna importância da China como poder mundial; na troca da meta de desenvolvimento a qualquer custo por desenvolvimento sustentável; na compreensão das lideranças políticas, de todo o Planeta, da necessidade de trabalhar juntos para solucionar problemas graves distorções globalizadas que afetam o bem estar da humanidade; na preocupação real, crescente e prioritária pela preservação e recuperação ambientalno aparecimento de um novo tipo de consumidor, mais consciente, informado e exigente: e por aí afora, os signos que prenunciam o começo de uma nova ordem mundial começam a surgir em todos os cantos, sempre em luta infindável com os guardiões da velha casta entrincheirada na “deixa como está para ver como fica”, que teima em esquecer que “tudo muda” e que o futuro, que não tem limite, exige mudanças.

Nessa pugna, às vezes, ainda não claramente visível e sem suficiente destaque na agenda das lideranças políticas planetárias, trava-se um combate feroz e sem tréguas com uns grandes inimigos com poder suficiente para arrasar as conquistas dessa nova civilização. Insidioso, está presente em todas as nações do globo, pobres e ricas, movimentando seus tentáculos maldosos para esmagar as esperanças de uma vida melhor para centenas de milhões de seres humanos.



Esses tentáculos tomam formas conhecidas, como fome, mortalidade infantil, doenças, analfabetismo, corrupção, tráfico de armas e de drogas, discriminação racial e sexual, má qualidade da educação, injustiças, má distribuição da riqueza, xenofobia, fanatismo, lutas religiosas, falta de oportunidades, desigualdade social, miséria, más condições de vida, insalubridade, falta de água, em soma, morte da esperança de uma vida digna para uma boa parte dos habitantes da Terra.

As Nações Unidas (ONU) em suas metas para o Milênio tem traçado rumos para direcionar esse trabalho global e a ajudar combater, reduzir ou eliminar esses flagelos, liderando um esforço extraordinário para construir uma nova civilização mais próxima dos anseios da humanidade.
 
E vale anotar no caderninho preto: O Brasil tem ganhado justo reconhecimento da comunidade internacional pelo seu sucesso em alcançar resultados exemplares nessa tarefa redentora.