Os mais prestigiosos “think tanks” do planeta, a começar
pelo Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade de Berkeley (Califórnia,
EUA), coincidem que a crise atual é muito diferente das anteriores, lembrando
que o “Efeito Tequila” da México (1995) e o colapso do Sueste Asiático
(1997-1998) tiveram sua origem em economias emergentes e não exerceram impactos
significativos nos países desenvolvidos.
Porém, pelo contrário, a crise atual surgiu e foi alimentada
nos países ricos e, pelo seus efeitos multiplicadores, contaminou o resto do
mundo, numa onda que alerta para o significado da globalização e deixa como
seqüela, queiramos ou não, a nítida sensação de que todos dependemos de todos.
Ainda, nesse conjunto infeliz de calamidades, as zonas mais desamparadas do
globo assim como os setores mais vulneráveis da sociedade são as que mais sofrem
normalmente indefensos diante a queda vertiginosa de expectativas e mercados.
Agora, o dado curioso é que a riqueza das pessoas que mais
podem e têm não cessa de aumentar, inclusive durante todo o período de colapso
da economia global de 2007 até o presente. Segundo os dados divulgados no
estudo “Prosperidade Global” patrocinado pelo Credit Suisse - centenária
instituição bancária Suíça que entre outros títulos, é considerado o maior
administrador de grandes fortunas do mundo - esse comportamento paradoxal ante o
clima de incertezas da economia global fica evidente pelo aumento riqueza do 1%
mais ricos do planeta, os quais em apenas em um ano, de 2013 até 2014,
registraram uma crescimento de suas fortunas US$ 20,1 trilhões - 8 vezes o PIB-Produto
Intero Bruto - do Brasil, para assim somar, no acumulado global, US$ 263
trilhões, ou 3,5 vezes o PIB mundial.
O estudo revela que no mundo há 128.200 pessoas com
mais de US$ 50 milhões, sendo que metade delas possui ao menos US$ 100 milhões
No Brasil, há 1.900 pessoas com fortunas desse tamanho e América do Norte é o
continente com a maior concentração dessa riqueza.
Essa centrlalizaçõlevanta, também, a questão da desigualdade e do abismo entre ricos e pobres não
apenas por anseios generalizados de justiça social, senão, especialmente, por
seus efeitos nos mercados e no crescimento das nações.
Grandes empresas globais já perceberam que uma
riqueza melhor distribuída gera negócios sustentáveis, apoiados em mercados
consumidores em constante evolução. Ou,
em outras palavras: O crescimento dos países pobres, afiançado numa demanda
crescente das camadas de menor renda, também é muito importante para sustentar
o desenvolvimento dos países ricos. Em tempo: De acordo com Fortune, o lucro conjunto das 500 maiores empresas do mundo subiu
27% em 2013.
“A polêmica mudança na distribuição de riqueza é
hoje um dos tópicos mais discutidos no mundo”, diz o relatório, citando o
economista francês Thomas Piketty, autor de O Capital no Século 21, que
aborda exaustivamente o fato de os mais ricos acumularem riquezas mais
rapidamente do que o avanço da atividade econômica.
O tema á crucial para o avanço sustentável da economia
mundial e merece mais análises e discussões para identificar e tentar alterar o que tem de errado, nesse
particular, nosso sistema de produção de riqueza.