Analisando dados de 140 países, recente relatório produzido
pela Universidade das Nações Unidas com a colaboração de 20 das mais
prestigiosas instituições do mundo, traz à tona uma visão diferenciada do
crescimento de uma nação, jogando para o escanteio a exclusividade do PIB -
Produto Interno Bruto, medida tradicional da riqueza derivada da produção e o
consumo de bens e serviços - do qual estamos fortemente condicionados a usar
como avaliação indiscutível da importância e poder de cada nação - para colocar
uma nova metodologia para avaliação do desenvolvimento econômico, chamada
Índice de Riqueza Inclusiva, IWI, na sigla em inglês.
Publicado a cada dois anos desde 2012, o levantamento não se
restringe a analisar o quanto aumentou o PIB per capita no período, senão que
calcula o impacto na economia das mudanças em capital humano (mão de obra),
capital natural (recursos naturais) e capital produzido (produção de bens e
serviços) de cada país.
O capital humano - medido em níveis de educação,
competências e habilidades - é a principal fonte de riqueza do mundo, compreendendo
57% da Riqueza Inclusiva Total, de acordo com o relatório. No período
analisado, 1990-2010, o capital humano cresceu apenas 8% em todo o mundo.
Já o capital natural, tais como florestas, recursos
subterrâneos e outros ecossistemas, compreendem 23% da Riqueza Inclusiva Total.
Nesse período, o indicador diminuiu cerca de 30%%, globalmente!
Já o capital (tradicional) produzido per capita, que
compreende 20% da Riqueza Total, cresceu cerca de 30% nesses 20 anos.
Sob esse ponto de vista, existem disparidades gritantes
entre os dois sistemas: por exemplo, enquanto a PIB mundial cresceu 50% entre
1990 e 2010, o IWI evoluiu apenas 6%. Valores que, no caso do Brasil, alcançam,
respectivamente, 40% e uns minguados 2%!
Apenas para registro: nesse lapso, os indicadores
tradicionais per capita de Estados Unidos, Índia e China, cresceram
respectivamente 33%, 155% e 523%. Já quando o desenvolvimento sustentável é
analisado, a riqueza inclusiva desses países teria crescido 13%, 16% e 47%
nesse período. Complementando: entre as grandes nações, a taça de ouro cabe à
China, graças ao extraordinário desenvolvimento de seu capital humano.
Na contramão, muitos países tiveram desempenho negativo
quando avaliada a evolução do IWI, como o Equador, onde o PIB per capita
aumentou 37% e a riqueza inclusiva caiu 17%. A economia do Catar quase dobrou
de tamanho (alta de 85%) segundo a medição tradicional, mas o IWI apresentou
queda de 53%.
"O relatório
desafia a perspectiva limitadora do PIB. E também destaca a necessidade de
integrar a sustentabilidade na evolução econômica e no planejamento de
políticas públicas", afirmou Partha Dasgupta, professor emérito de
Economia da Universidade de Cambridge e um dos responsáveis pelo estudo.Olhar além do
PIB e adotar um Índice de Riqueza Inclusiva internacionalmente é fundamental
para que a agenda de desenvolvimento sustentável pós-2015 se ajuste aos
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU", acrescentou
Dasgupta.
Num cenário mundial
competitivo até a irracionalidade, onde todos procuram ficar no pelotão da
frente, custe o que custar, é necessária uma mudança radical na forma de
produzir riqueza.
Quem sabe pensar no desenvolvimento
sustentável como uma tarefa fundamental no longo prazo para o bem-estar da
humanidade, enfrentada com seriedade e perseverança. E esforçar-se por seguir a
trilha indicada nos princípios do Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (Pnuma), sintetizado na Economia Verde como a fórmula ideal para mover
as engrenagens da riqueza e da sustentabilidade global, que pode ser assim
definida: È aquela que resulta em
melhoria do bem-estar humano e da igualdade social, ao mesmo tempo em que reduz
significativamente os riscos ambientais e a escassez ecológica. Ela tem três
características preponderantes: é pouco intensiva em carbono, eficiente no uso
de recursos natural e socialmente inclusiv