quinta-feira, 28 de agosto de 2014

O GRANDE DESAFO




 
Os mais sábios afirmam que as crises são cíclicas, inevitáveis e servem para pôr a prova o direito real do homem à sobrevivência. Têm, para muitos, o efeito de uma capina de  proporções gigantescas, que vai possibilitar o desenvolvimento sadio da  planta-mãe da  prosperidade.

As turbulências da nova ordem mundial, que têm seu tripé de sustentação na tirania dos mercados, nos interesses ocultos no processo de globalização e na filosofia materialista do neoliberalismo, estão delineando a forma do jogo econômico para os próximos anos, onde todos dependem de todos, numa espécie de um imenso carrossel  onde o equilíbrio é obtido na sincronização do movimento.

Hoje, países da  periferia dos grandes centros de decisão mundial, como todos os da América Latina,  devem pagar o preço das loucuras da má gestão financeira de alguns, das estrepolias políticas de outros e da volatilidade de uma massa de recursos equivalentes a 10 vezes o PIB mundial, que sem rumo fixo, procura apenas o lucro, “duela a quién duela”.

Evidentemente, os mais fracos - países, empresas e pessoas-- são os que pagam a maior parte da conta da ineficiência mundial em formular e adotar sistemas seguros de convivência econômica/financeira.

No Brasil, as Pequenas & Médias Empresas (P&M), vão continuar a pagar uma parte dessa colossal fatura, na forma de barreiras para colocar seus produtos nos grandes mercados; na falta de financiamentos adequados às suas características e necessidades; na ganância sem ética dos juros além de qualquer lógica; na perda de mercados e na burrice do sistema impositivo.

É um sistema que se alimenta das crises que provoca e que, entre outros males, fulmina a sobrevivência da maioria dos empreendedores

Uma alternativa ao alcance das P&M – já que pouco ou nada pode esperar-se de ações efetivas do governo - é continuar a enfrentar bravamente esses terríveis obstáculos, que até podem ser entendidos como o estado podem ser entendidos como o natural das ocorrências da economia e, sem desanimar, pagar o pedágio inevitável para a sobrevivência, cujo valor é nossa capacidade de competir.

E, a partir da compreensão da necessidade de participar e ganhar o desafio da competitividade, vista aqui como um conjunto de atributos de excelência empresarial  - visão de negócios; informação; especialização; inovação; gestão eficiente; comunicação; diferenciação; marketing; relacionamento; criatividade e lucratividade – as P&M têm ferramentas para crescer com segurança e alcançar um papel de relevância nas guerras dos mercados.

Ou, em outras palavras: se a competitividade  é condição “sine-qua-non”  para o crescimento das grandes empresas, para as P&M  deve ser entendida como uma questão crucial, prioritária e definitivamente necessária. 

Algo assim como: em tempos difíceis, o primeiro mandamento é sobreviver; o segundo, aceitar o desafio da competitividade como uma batalha  pessoal a ser vencida;  o terceiro, estar atento as oportunidades; o quarto, jamais deixar que o pessimismo obscureça nossa perspectiva da realidade e roube energias preciosas, tão necessárias para atingir os objetivo de vitória.

Tem mais: a competitividade tem como base um estado do espirito do empresário-empreendedor.  Algo que também  podemos definir como a ousadia de querer fazer sempre mais e melhor.

       

domingo, 17 de agosto de 2014

UM MERCADO IMPRESSIONANTE




Uma economia exemplar

Sem dúvida, a China é uma das peças chaves na recomposição da arquitetura financeiro-econômica global. E de um modo que eles conhecem bem: crescendo de um modo contínuo, sustentável e acelerado o que, trocado a miúdos, significa mais demanda e mercado para o resto do mundo, ajudando a promover o avanço estável da economia global.

Para isso, a China de hoje reserva alguns trunfos importantes: investimentos garantidos de trilhões de dólares no seu mercado interno em áreas chaves, como transporte, energia, meio-ambiente, habitação, promoção social, etc.; reservas de quase quatro trilhões de dólares, a maior do mundo e 10 vezes superior àquela do Brasil; sistema financeiro interno sólido, com rígidos controles para manter a liquidez; atuação governamental firme e competente para sustentar os rumos traçados; o maior comércio exterior do planeta, com saldos positivos significativos; taxas de crescimento anual sempre acima dos 7,5%; e, entre tantas outras diferenças respeitáveis, a vantagem de albergar a maior população do planeta - 1.350.000 de chineses - que, num ritmo alucinante, estão ingressando no mercado mundial de consumo para tudo o imaginável, desde Ferraris de 500 mil dólares até balas de 10 centavos a dúzia.

É claro que a China tem também dificuldades a ser solucionadas, proporcionais a seu tamanho fenomenal, mas que estão sendo vigorosamente atacadas – e assim, criando novos mercados – sendo de assinalar, entre outros, o problema ambiental, pesadelo maior da elite dirigente chinesa.

Um as na manga

Quando, em 1978, Deng Xiaoping iniciou a imensa tarefa de construir uma nova economia com base num novo sistema de criação de riqueza que bem revela a visão pragmática de seu criador – capitalismo ao estilo chinês, como chamou - buscando incluir as vantagens de cada um dos sistemas, capitalista e socialismo, rivais de cartelinha na melhor tradição do “o meu é melhor”, porém que, na alquimia do gigante asiático, ganhou os contornos de uma ferramenta extraordinariamente eficiente para promover o desenvolvimento.

Essa nova forma de promover o incremento da economia, fartamente comprovada nas últimas três décadas, provoca a inveja nem sempre declarada da maioria dos países do mundo – como eles podem? – num terreno onde fracassam outras grandes nações do planeta porque – acreditem! – tem uma capacidade extraordinária para distribuir os benefícios do crescimento entre a maioria da população.

 E que contribui para a formação de uma classe media crescente, dinâmica, jovem, com avidez por consumir coisas novas e diferentes e que caminha - antes de 2020 - para constituir uma massa de consumidores de 500 milhões de pessoas, duas vezes mais numerosa que seu equivalente nos EUA e cinco vezes maior que aquela assim denominada no Brasil.

E, o mais importante: cresce a um ritmo alucinantes de 6% ao ano, podendo atingir quase um trilhão de pessoas logo depois de 2030. Ou 15% da população mundial projetada para essa época!
Sem equívocos, esse segmento de consumidores é a grande esperança da terra do dragão para mudar o seu perfil de crescimento, passando do modelo atual que privilegia as exportações – a China já é o maior exportador mundial, tendo já superado os EUA, vendendo nos mercados internacionais 1,78 trilhões de dólares em 2013 – para enfatizar o mercado de consumo interno, cuja avidez e tamanho é um portal aberto para criar e marcar os traços sobressalentes de um novo mapa do consumo global. 

No tocante ao Brasil, esse novo tempo oferece imensas oportunidades para nossas empresas que não temem em avançar na trilha da competitividade internacional e estão determinadas em conquistar parcelas desse mercado fabuloso.

Contam desde já com uma considerável vantagem: Os “novos” consumidores chineses apreciam e valoram tudo o que provem do Brasil. O “Made in Brasil” tem fortes credenciais que contribuem diretamente para o sucesso de nossos empreendedores-exportadores.




sexta-feira, 8 de agosto de 2014

O DRAGÃO E AMÉRICA LATINA




A recente gira do presidente da China, XI Xinping por diversos países da América Latina, somado ao encontro com lideres sul americanos na cúpula de Julho, em Fortaleza, contribuiu diretamente para demonstrar o interesse manifesto nesta região do planeta, fazendo assim jus a fama de excelentes jogadores do poker da geopolítica planetária que trabalham com celeridade e eficácia para ganhar posições estratégicas no vazio deixado pelos EUA e pela Europa e confirmam seu apetite por recursos naturais - energia, minerais, alimentos – os quais são à base das exportações latino-americanas para as terras do dragão.
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Os grandes conquistadores do Século XIX (Europa) e do Século XX (EUA), imersos na crise do sistema liberal &capitalista e sem forças (recursos) para revidar a forte arremetida chinesa, apenas podem ser espectadores ansiosos que sabem que estão começando a perder o jogo do poder global para um adversário decidido, que luta para confirmar a previsão feita na sessão inaugural da APEC, (Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico), em1989: “o Século XXI será o Século do Pacífico”.

Nos últimos anos, quando uma ventania tempestuosa sacudia as estruturas da economia globalizada, sem perdoar nenhum pedaço do planeta, mas com fúria ainda mais destruidora nas nações industriais mais ricas e poderosas, especialmente EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido e Franca, a China iniciou uma ofensiva mundial para ocupar os espaços deixados pelos outrora “donos do mundo” e provar que é um país confiável, forte e que busca a paz, a amizade e a harmonia entre as nações. E que hoje, é a único que tem a bolsa cheia para investir, financiar e comprar. 

E não se trata apenas do potencial das relações econômicas com o antigo Império do Médio que atrai governos, empresas e investidores, senão da realidade gritante da expansão de mais de 20 vezes do comércio bilateral, que já ultrapassou os duzentos bilhões de dólares, impulsionado por exportações de “commodities” e por importações de produtos industrializados a preços que fazem a alegria dos consumidores e que, por outra parte, obrigam às indústrias da região em cavar cada vez mais fundo na busca de suas vantagens competitivas, muitas vezes esquecidas na bonança dos mercados cativos.

O grande saldo inquestionável dessa relação que, além do nascimento de novos mercados, é que esse intercambia foi decisivo para equilibrar as contas externas da região e sua contribuição para que as parcelas menos favorecidas da população tivessem acesso a produtos reservados para as classes mais abastadas.

Dezenas de acordos e convênios balizam as relações China-América Latina, cobrindo campos como biotecnologia, energia, agricultura, educação, comércio, novos materiais, transporte, turismo, etc.
Ao mesmo tempo, os investimentos e as empresas chinesas não param de chegar, tanto aproveitando as imensas oportunidades dos países emergentes da América Latina - que reúnem 600 milhões de pessoas e que se estende desde a fronteira sul dos EUA até a Antártica - como abrindo novos caminhos na competição global por mercados e negócios.

Claro, sem deixar de cutucar os EUA, seu mais próximo adversário para ocupar o primeiro lugar como potencia econômica e militar acenando, entre outros grandes projetos de impacto, a possibilidade de colaborar intensivamente numa ligação Atlântico-Pacífico através de Nicarágua, numa via férrea pela Amazônia Brasil-Perú e numa ligação fluvial pelo Centro-Oeste entre os rios Amazonas e Prata.  

Não deixa de lembrar a gestação de um novo pacto para o desenvolvimento, repetindo na prática os propósitos da “Aliança para o Progresso” da década dos 60, idealizada pelo saudoso presidente John Kennedy.