Cobiça e
insensatez
Em 1948, pouco antes de sua morte, do alto de sua imensa sabedoria, o
profeta da não violência e da liberdade, Mahatan Gandhi, afirmava: “A terra é suficiente grande para atender as
necessidades da maioria. Mas é muito pequena para satisfazer a cobiça de poucos”.
Em recente relatório a ONU alertava, uma vez mais, sobre o perigoso
abismo para o qual caminhava nossa civilização de continuar o modo suicida de uso
predatório do meio ambiente, especialmente acentuado até os limites do impossível
a partir dos anos 50 do Século XX.
E que, desde o início de nossa meta de crescimento sem limites como objetivo ansiado pela maioria e
argumento decisivo para a conquista do poder pelos mais espertos, a exploração desenfreada da natureza foi
colocada, como nunca antes, ao serviço dos anseios humanos de progresso, seja
lá como isso é interpretado.
Claro, ainda que sabendo dos riscos implícitos nesse modo de agir, a
sociedade organizada continuava jogando, convenientemente, o pagamento dessa
fatura colossal para as gerações futuras. Mas, como o tempo é implacável, já no
presente a cobrança dessa insensatez começa a exigir seu débito na forma de
mudança dramática dos padrões climáticos, de mais poluição, de mais lixo, de
menos segurança na produção de energia, de escassez de água e outros males
correlatos o que, em resumo, significa uma queda substancial da qualidade de
vista em vastas regiões de nosso sofrido Planeta.
A mão destruidora
Através desse período, essa dupla sinistra deixou um caminho de iniqüidades, crimes, ditaduras, monopólios, guerras, conflitos intermináveis, trabalho subumano, doenças e, pior ainda, o poder e a riqueza associados a seu campo de atividades foram suficientes para justificar e encorajar enxurradas de ambição, de falta de escrúpulos e de ânsia de poder, muitas vezes dissimuladas princípios válidos de soberania, defesa nacional e questões de estratégia militar que, em parte, contribuíram para moldar politicamente nosso planeta.
Não é possível ignorar que toda a saga civilizatória dos tempos
modernos foi construída sobre materiais finitos, exauríveis, poluidores,
extraídos das entranhas do planeta, aos qual o “homem civilizado” acrescentou
alegremente, no auge de sua fúria devastadora, um longo inventário de
tropelias, entre as quais guardam duvidosos lugares de honra a poluição dos
rios e dos oceanos, as queimadas, a devastação das florestas e a invasão
predatória dos santuários naturais. Mas tudo sempre cinicamente resguardado no
altar do “interesse nacional” e do “bem estar da sociedade”.
É natural que a saída de um padrão predador não
pode fazer-se do dia para a noite e, muito menos, sem resistências ferozes
daqueles ainda aferrados tenazmente ao sistema predominante de produzir
riqueza. E que, na verdade, seja por incapacidade de migrar para um novo
modelo, seja por sentir seus interesses ameaçados, seja por ignorância, seja
por puro egoísmo, enfim, as resistências são enormes e alimentam a corrente
para “deixar tudo como está”. Sem esquecer que nesse esforço contra a
sobrevivência do Planeta, marcam presença muitas das mais poderosas empresas
globais, que fazem unicamente do lucro e do poder a razão de sua existência.
“Duela a quién duela”.
Quem
sabe a mudança salvadora venha na forma de fazer prevalecer uma ECONOMIA VERDE, definida
pela ONU como “aquela que resulta em melhoria do bem-estar humano e da
igualdade social ao mesmo tempo em que reduz significativamente os riscos
ambientais e a escassez ecológica. Sustenta-se sobre três pilares: é pouco
intensiva em carbono, é eficiente no uso dos recursos naturais e é socialmente
inclusiva”.
Temos pressa! Os sinais de alarma da Natureza
agredida indicam claramente que nosso tempo é dramaticamente curto para
iniciar-se uma mudança drástica no sistema de produção de riqueza.