Comparativamente, Brasil e China têm duas imensas fronteiras geográficas
a conquistar, cada uma com aproximadamente 5.000.000 Km2, pouco habitadas,
plenas de riquezas e promessas de uma revolução sem precedentes na ocupação dos
seus respectivos territórios. Mas é até uma ousadia comparar a Amazônia
brasileira – cuja fragilidade ambiental recém agora começa a ser melhor
conhecida e respeitada – com o Oeste da China, de altas montanhas, vales
imensos, gigantescas áreas aptas para uso agrícola sem necessidades de agredir
o meio ambiente, com grandes reservas minerais, enfim, uma região para
desbravar e ocupar economicamente sem agredir o meio ambiente.
Problemas existem, é claro, do tamanho de suas potencialidades, a começar
pela distancia até a costa e o acesso aos grandes mercados, tanto internos como
do exterior. E, não menos crucial, a falta de infra-estrutura para abrigar
grandes contingentes humanos. Mas, a China tem um plano - ora em execução
acelerada - tem os recursos, tem a vontade política e tem a determinação mil
vezes provada ao longo de sua história.
Por outra parte, é muito importante realçar a formidável diferença entre o modelo de desenvolvimento que está sendo ora implementado, com aquele adotado pelo gigante asiático nas últimas três décadas, quando a consigna maior – e irrefutável – era crescer a qualquer custo para tentar desmontar a gigantesca bomba social herdada da era Mao, que ameaçava esfacelar irreversivelmente a sociedade chinesa e, por contagio geopolítico natural, arrastar o resto do planeta a conflitos de desenlace imprevisível pelo potencial que tinha de atritar a Índia, a Rússia, o Japão e os EUA.
Então, era preciso crescer rapidamente para gerar os recursos imprescindíveis para evitar o pior. Mas, toda essa afobação gerou uma vítima inocente, até naturalmente comprazente, que foi agredida, violada, usada, dilacerada e com isso, deu sua contribuição imprescindível para o sucesso do projeto de crescimento acelerado: O meio ambiente.
E que, desde o início do processo, lá por 1978, até o início do Século XXI, China era o paraíso das indústrias poluidoras – multinacionais umas, locais outras – que, mercê exigências ambientais frouxas ou inexistentes, deitavam e rolavam sem dar a mínima para os danos ambientais, com a única preocupação de produzir mais...e lucrar o máximo.
Resultado: a China rivaliza com os EE. UU o execrável título de maior gerador de gases de efeito estufa do mundo, ao que deve acrescentar os danos terríveis causados a seus sistemas de sustentação da vida natural, especialmente a seus grandes rios.
Felizmente, tudo mudou. Nos
últimos anos, a China tem multiplicado seus esforços para remediar os erros do
passado e pautar o desenvolvimento futuro num zelo absoluto pela preservação
ambiental. No formidável esforço da conquista do Oeste, os cuidados ambientais
são condição básica para execução de qualquer projeto, o que, de resto, é exigência
sine-qua-non para qualquer obra, em qualquer lugar da terra do dragão.
Hoje, pode afirmar-se que a China aprendeu sua lição e, a seu favor,
deve lembrar-se que é o país que mais investe no planeta para corrigir os erros
ambientais do passado e evitar sua repetição, no presente e no futuro.
Nesse novo mundo integrado pela região oeste da China, são imensas as
oportunidades para os exportadores brasileiros que pretendem participar nos
grandes mercados globalizados que estão começando a ter presença no cenário
internacional.