segunda-feira, 20 de maio de 2013

O CÍRCULO VIRTUOSO

O  CIRCULO VIRTUOSO  

O mundo

Em 1776, no clássico “Riqueza das Nações”, Adam Smith pontificava sobre o fim dos conflitos entre nações que, na sua visão, seriam empurrados para um canto esquecido “por exércitos de empresários que atravessariam as fronteiras com o único objetivo de negociar e potencializar suas vantagens comparativas”. Mundo ideal, que descortinava um cenário internacional unido pelo comércio e que, de certo modo, antecipava alguns dos aspectos positivos do processo de globalização que se solidificaria mais de duzentos anos mais tarde.

Confirmando isso, a história econômica das nações “vencedoras” demonstra claramente que seu crescimento, em todos os níveis, é fortemente acelerado através do comércio internacional que, por seus efeitos multiplicadores na modernização e competitividade do país, pode muito bem ser considerado como o passaporte para a qualidade da estrutura organizacional de uma nação.

Ou, colocado em outros termos: o comércio internacional tem um papel fundamental no processo de desenvolvimento sustentável, desde que é exigente em níveis superiores de gestão dos negócios, no uso de tecnologias avançadas, na qualificação de todos seus participantes e na melhoria da eficiência e da eficácia dos fatores de produção, marketing e logística, apenas para citar os mais relevantes. Igualmente, demanda uma participação inteligente do governo e na eliminação de gargalos estruturais – o famigerado “Custo País”. E com efeito colateral importante soma o fato de que a competitividade fora das fronteiras contribui diretamente para o bem estar dentro das fronteiras.
 Os dados da OMC (Organização Mundial do Comércio) são mais de que eloqüentes para demonstrar seu papel de protagonista no crescimento da economia globalizada, revelando que desde 1950, o crescimento do comércio internacional tem sido mais de duas vezes superior àquele correspondente ao PIB mundial
É também importante lembrar que tanto a ONU como a OMC insistem na importância do intercâmbio comercial como instrumento decisivo para a manutenção da convivência pacífica entre os povos e o fortalecimento dos componentes estratégicos para un crescimento sustentável, pelo menos do ponto de vista econômico. Confirmando isso, recente estudo das Nações Unidas demonstra uma correlação direta entre comércio, desenvolvimento e paz, sendo destaque que quando existem laços comerciais fortes, as controvérsias são suavizadas pelo predomínio de interesses comuns e os índices de desenvolvimento não param de subir. Ou melhor: Não é bom para os interesses maiores de um país brigar com clientes.
Vale enfatizar que, nos últimos anos e confirmando essa visão, um dos aspectos mais destacados no crescimento do comércio mundial foi a participação crescente dos países asiáticos - liderados por China, Índia, Coréia do Sul, Malásia, Indonésia, Singapura, etc. - numa das regiões potencialmente mais conflituosas do globo. Onde, sem dúvida, o caminho da harmonia foi azeitado pelo comércio e seus efeitos positivos.

 O Brasil

O Brasil atingiu em 2012 exportações de US$ 242,6 bilhões, resultado apenas 5,3% inferior ao registrado em 2011 e que pode ser até considerado bom levando-se em conta a crise severa que assola a economia planetária e que castigam de modo mais contundente, as grandes nações industrializadas do Ocidente, todas importadoras de produtos brasileiros.

Em particular, as commodities tiveram fortes reduções nas suas cotações, sendo de assinalar-se o exemplo do minério de ferro que, desde que mantidas suas cotações médias de 2011 – ano no qual as exportações brasileiras alcançaram o patamar recorde de US$ 256,6 bilhões – seriam facilmente agregados mais US$10 bilhões ao total exportado em 2012 e o superávit teria pulado para um valor mais confortável, próximo à média dos últimos anos que engrossavam nosso saldo em valores próximos aos US$ 30 bilhões. Felizes tempos aqueles!

Mas, essas são simples constatações estatísticas e dizem pouco daquilo que pode acontecer em 2013 em nossas vendas para exterior.

Se, por um lado as incertezas da economia internacional não permitem, no momento, prognósticos definitivos, é bem verdade que já existem indicativos que o pior já tenha passado e que, lentamente, é possível que as grandes nações retomem a senda do crescimento. O que significa maior consumo e maior demanda de bens importados. Bom para o Brasil!

 Se os ventos que vem de fora são favoráveis, em 2013 o Brasil pode ter um período positivo no seu comércio exterior e superar os resultados de anos anteriores. Para tal, somando a uma política governamental clara para facilitar as exportações, são fundamentais os esforços para diversificar os mercados de destino, aumentar a pauta exportadora, acrescentar mais empresas ao esforço exportador, qualificar melhor os participantes do trade e investir criteriosamente no trabalho de marketing para conquistar e manter mercados pelo mundo afora. 

Infelizmente, o 1º. Trimestre de 2013 amargou um déficit superior aos US$4 bi, interrompendo o ciclo de superávits históricos e ascendendo o sinal de alerta, com uma clara advertência: Temos que fazer mais e melhor!

msnozar@yahoo.com.br




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