quarta-feira, 31 de outubro de 2012

UMA LUTA TITÂNICA



Pouco mais de 21.000 organizações brasileiras são as que participam como exportadoras do comércio exterior do país, sendo aproximadamente 6.000 classificadas como grandes empresas que respondem por mais de 80% das vendas ao exterior.

Outras 15.000, pequenas e médias, completam o time daqueles que preferem enfrentar os desafios de competir lá fora e deixar de lado o aparente “conforto” de lidar apenas com os problemas - que são de matar, convenhamos! – de trabalhar apenas no mercado interno. Que também é muito, mas muito bom mesmo!

Mas, se isso por um lado pode parecer bom, na realidade é muito pouco. Num país como o Brasil, o passaporte para o crescimento passa, quase que obrigatoriamente, na participação ativa no comércio globalizado considerado artéria vital do desenvolvimento sustentável do ponto de vista econômico.

Por outra parte, de um ponto de vista generalizado e avaliando apenas características gerais de produção, de mercado e tecnológicas, esse exército de empresários podia ser entre três a quatro vezes maior, pondo a cara e os produtos do Brasil pelo mundo afora. Bem, pelo menos essa é a opinião do MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - que tem sido, nos últimos 10 anos, um dos principais incentivadores para o aumento da participação brasileira nos mercados externos.

Um pouco de história

 Uns cinqüenta anos atrás quando iniciávamos timidamente o caminho para exportar algo mais que apenas café, cacau, banana, açúcar e madeiras, os primeiros pioneiros - bravos empresários empreendedores - saíram pelo mundo para tentar vender produtos manufaturados brasileiros. E vale um registro histórico, prova de visão, coragem e audácia, exemplificado por Horacio Coimbra, então presidente de Café Cacique, de Londrina quem, quebrando paradigmas, partiu na aventura de vender café solúvel nos já exigentes mercados externos. Ou seja, um produto industrializado, com valor agregado.

 Nessa missão, em 1962 fez a primeira – depois foram corriqueiras – viagem à China!  Em tempo: Isso foi no tempo de Mao, em plena guerra fria, quando os atritos entre as grandes potencias pareciam conduzir ao holocausto nuclear e quando as “boas empresas”, para serem bem vistas, deviam seguir o figurino americano-ocidental. E não é que fez o aparentemente impossível: Abriu as portas para o Brasil daqueles que desde 2009 é nosso maior sócio comercial. E que, para 2015, deverá ser o maior mercado do mundo!

Pouco mais de 10 anos depois –não existe relação visível com o fato anterior - – em 1973 o governo brasileiro deu um passo inacreditável para o saber convencional tupiniquim, organizando e promovendo a 1ª. FEIRA de Produtos Brasileiros no Exterior no Palácio das Nações, em Bruxelas. Foi outro feito histórico, sendo que por primeira vez o país adota uma posição oficial: Para exportar, é preciso investir, divulgar e promover.  Depois, vender.

Benefícios indiscutíveis

 Vender no exterior é o caminho natural para a competitividade e a excelência. Empresas exportadoras são empresas competitivas e, de muitos modos, trilham o caminho da excelência.

A exportação potencializa um conjunto de exigências que são a base para um crescimento sustentável, fortalecendo a segurança, a rentabilidade e a continuidade do negócio porque exige dar atenção especial a componentes chaves de gestão competitiva, como administração de custos, treinamento, qualificação, inovação, informação, qualidade e marketing, por citar apenas o essencial.

O que, convenhamos, são requisitos fundamentais para ganhar também posições em casa! Ou melhor dito: A exportação é uma chave de ouro para o sucesso no mercado brasileiro!

Dúvidas? E só indagar e pesquisar a trajetória de qualquer empresa exportadora e verificar o “antes” e o “depois”.


a

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

UMA MISTURA MUITO LUCRATIVA



A notícia da intervenção pelo BCB (Banco Central do Brasil) no Banco BVA, com sede no Rio de Janeiro, não deve surpreender além da conveniência de um polido “quem iria imaginar”. Agora, considerando o monto de passivos envolvidos (desviados?) nessa e em outras intervenções do BCB na terra descoberta por Cabral, tudo isso não é mais que uma minúscula parte das tramóias das finanças geridas pelo “sistema”.

O Brasil, na verdade, é apenas um pequeno aprendiz quando comparado às falcatruas dos 100 maiores bancos internacionais, esses sim os mestres em transformar fumaça (v.g. produtos financeiros) em dinheiro, sempre com o objetivo de lucrar (defraudar?) mais... às custas dos incautos e com ajuda das benesses de uma legislação prá lá de permissiva.

Obter ganâncias fabulosas no sistema financeiro globalizado é muito fácil, desde que a matéria prima para as safadezas é, infelizmente, tão abundante quanto à cobiça daqueles que jogarão a ética no mais obscura canto de suas consciências. Depois, é só misturar os ingredientes na dose e no tempo certo, como muito expertamente os gestores do dinheiro (de outros) vem fazendo desde há quase 500 anos.  

OS INGREDIENTES

Para isso, é só reunir à aparência de uma entidade (presentemente, banco) acima de qualquer suspeita à falta de escrúpulos e ao conhecimento apurado do funcionamento da “máquina. E, para dar a necessária sofisticação ao imbróglio, somar uma formação econômica e legal (própria ou de terceiros) à habilidade de disfarçar a verdade com sofismas dignos dos maiores malandros do planeta. Podem ter certeza, funciona!

Depois, é só recolher as ganâncias, deixando para os governos e a parte “sadia do sistema”, a ingrata tarefa de limpar a sujeira e cobrar a fatura dos “outros” - contribuintes, depositantes, BCs e seguradoras.
E engordar os mais de 18 trilhões (trilhões mesmo!) de dólares – algo como 25% do PIB mundial - depositados em mais de 60 paraísos fiscais, impecavelmente encabeçados, desde quando se tem notícia da existência dessa modalidade de esconder recursos mal havidos, pela “irrepreensível Suíça”.  

UMA LUTA SEM QUARTEL

A Transparência Internacional, sem dúvida a mais atuante e competente das organizações internacionais que denunciam, luta e promove as boas práticas no trato dos assuntos financeiros e econômicos, tem alertado constantemente os malefícios causados por essa distorção sinistra, lembrando que as fraudes bancárias, muitas das vezes, serve de aliada ou de disfarce para outras práticas desonestas, típicas do crime organizado, como tráfico de drogas, corrupção, venda ilegal de armas, tráfico de pessoas, chantagem, prostituição.....

Só para simplificar, a ONU (Organização das Nações Unidas) estima que aproximadamente 25% do movimento financeiro transoceânico têm origem em essas (e outras) atividades ilegais. E, por força da inércia, passam obrigatoriamente pela intervenção das 100 maiores instituições financeiras do mundo.
Não duvidem: O sistema financeiro internacional tem culpa no cartório que registra os grandes crimes cometidos contra o bem estar da maioria que é favoravelmente arrumada para aceitar seu papel de bufão em sociedades em constante mutação.

PÉROLAS

 Duas notícias recentes: O JP Morgan, o maior banco dos EUA, está sendo processado pelo estado de New York por enganar investidores no recente boom do mercado imobiliário, causando prejuízos estimados em US$22 bilhões. Na mesma trilha, o britânico Standard Chartered Bank também está sendo processado por manter negócios ilegais com Irá por US$ 250 milhões nos últimos 10 anos, auferindo comissões “por fora” de aproximadamente US$ 21 bilhões!

Esses, e centenas de seus “colegas”, são os verdadeiros mestres do roubo globalizado!




sexta-feira, 19 de outubro de 2012

A TRÍADE



A VI Cume Empresarial China-América Latina, realizada recentemente em Hangzhou, importante cidade de China, com 6.500.000 de habitantes, foi o palco para o encontro de mais de 1.000 lideranças econômicas reunidas com o objetivo de traçar o caminho para o aumento substancial das relações econômicas entre ambas as partes nos próximos dez anos.
O encontro, cuja primeira versão aconteceu em Santiago de Chile em 2007, é uma plataforma privada para que milhares de empresários discutam os diversos projetos de colaboração econômica e comercial entre o gigante asiático e seus pares da América Latina.
Organizado pelo CCDCI (Conselho Chinês para o Desenvolvimento do Comércio Internacional), entidade privada de promoção de negócios, suas conclusões são diretamente encaminhadas às autoridades chinesas e integram as diretrizes oficiais para melhoria das relações econômicas com América Latina, sendo que, nestes cinco anos, tem se transformado no mais influente mecanismo de orientação do comércio e dos investimentos entre ambas as regiões.
Uma de suas metas é aumentar o intercambio comercial China-América Latina dos atuais 400 bilhões de dólares anuais para atingir os 1.000 bilhões (um trilhão) de dólares já em 2020..E, no mesmo período, a  pretensão é triplicar os investimentos produtivos, com o suporte, em parte, dos 15 bilhões de dólares já oferecidos por bancos oficiais da China. Que, aqui entre nós, é apenas uma pequena parte do total de investimentos chineses planejados para esta região nos próximos 10 anos.
Pela sua atualidade, não pode ser facilmente esquecido um dos temas que o presidente do Conselho, Wan Jifel, ressalvou no seu discurso de abertura do evento: “Nesses momentos de perturbação do clima de negócios, precisamos insistir para no cair no canto de sereia do protecionismo como penácea para corrigir as penúrias das economias em crise, buscando soluções que podem aparecer como politicamente atraentes no curto prazo, mas que, inevitavelmente, no médio e longo prazos, causarão males muitos maiores daqueles que se pretende remediar”
E prossegue: “A Historia e os fatos são eloqüentes em demonstrar que o desenvolvimento sustentável, do ponto de vista econômico, é muito melhor servido com o crescimento dos fluxos de negócios entre as nações. Nós temos nas mãos um bom exemplo da cooperação exitosa sul-sul que não deve ser artificialmente estorvado. Isso, entre outros benefícios importantes, favorece a recuperação da economia mundial”.
É de lembrar que a função estabilizadora dos negócios internacionais é componente fundamental para materializar as boas relações entre os países e, como conseqüência, é vital para a criação do clima necessário para a manutenção da paz. Esse aspecto dos negócios internacionais merece uma atenção redobrada de todas as entidades empresariais que, de um modo até agora pouco lembrado, são também parte importante do esforço para manutenção da harmonia ente as nações.
As Nações Unidas tem demonstrado exaustivamente que existe uma correlação direta entre comércio, desenvolvimento e paz, onde se verifica que quando existem laços comerciais fortes, as controvérsias são suavizadas pelo predomínio de interesses comuns e os índices de desenvolvimento não param de crescer. Para o bem de todos!

sábado, 6 de outubro de 2012

UM DEUS INDIFERENTE


O mercado Muitos afirmam – provavelmente com razão – que o quinquênio 2007-2012 será lembrado também, além de palco da primeira catástrofe econômica do Século XXI, como o período do início do fim do capitalismo, pelo menos tal como o conhecemos hoje, dependente que é do poder anônimo, tirânico e absoluto do “deus mercado”, que dita as regras e a forma do “sistema”.
Até pode ser. Mas já não restam dúvidas: Está chegando a hora de questionar os antigos dogmas que ditam a forma de produzir e distribuir riquezas e que, de um modo ou outro, conseguiram entronizar o “mercado” como a verdade suprema do saber econômico nos últimos três séculos. Sem esquecer que aqueles que contrariam essa “verdade” pagam o preço de sua descrença na forma de menos renda, ou melhor, menos dinheiro para desfrutar das incontáveis atrações de nossa civilização que sabe muito bem ser pródiga com seus fiéis seguidores.
 É claro, a fatura devida a mãe natureza, ao sacrifício daqueles que arcam com o custo real dessa insanidade, assim como às legiões de desprotegidos são, há tempos, (convenientemente) camuflados embaixo do tapete da indiferença e o egoísmo característico do “sistema”, acumulando poeira que prepara o caminho de um provável “futuro melhor”, seja lá, no caso, o que isso significa.
Princípio de ouro: Que sejam as próximas gerações a pagar a festança de nossa era!
Aonde vamos? Na maioria dos países ricos – que desde sempre se apresentavam como exemplos a serem seguido pelos “outros” - pobres e emergentes – o crédito fácil, retroalimentado por alguns (inescrupulosos) alquimistas das finanças, aliado a inépcia da governança da coisa publica, foram as fagulhas indispensáveis para acender a fogueira do caos. Claro, tudo convenientemente sustentado na cultura do consumo, avivada pelo mercado que pregava aos quatro ventos: “Mais, mais, sempre mais”. É bom!  
Assim, com o ego devidamente massageado, a satisfação psicológica de possuir jogava ao escanteio o bom senso, deixando o imediatismo ganhar espaço no saber convencional, tingindo sempre de azul um futuro de eterna bonança e ganhando defensores incansáveis para manter a roda girando. Até quando?
Lembrete: Apenas para estender o padrão (sonho) de consumo dos países ricos a toda a humanidade, seriam necessários cinco planetas Terra!
Então, é urgente e necessário mudar a receita. Quem sabe para algo próximo à recomendação da ONU para uma economia sustentável que é “aquela que resulta na melhoria do bem-estar humano e da igualdade social ao mesmo tempo em que reduz significativamente os riscos ambientais e a escassez ecológica. Sustenta-se sobre três pilares: é pouco intensiva em carbono; é eficiente no uso dos recursos naturais; é socialmente inclusiva”. (Repito a lembrança. É importante!).
Nem que mais não seja para preservar este atribulado pedaço do infinito, conhecido como Terra, que viaja a 180 km/segundo entre as 5.000.000 de galáxias já avistadas. Dá para imaginar?
Efeito colateral Da crise atual, que para muitos economistas lembra alguns aspectos sombrios daquele pesadelo de 1930-34 e que, para piorar, está agravado pela alta do preço das commodities agrícolas, o cenário para os milhões de infelizes que deverão, direta e indiretamente, sofrer o impacto maior dessa calamidade, o panorama é desolador: Entre 90 a 160 milhões de pessoas serão acrescentadas as quase 1.000 milhões existentes e deverão cair abaixo do limite de pobreza absoluta; uma média de 5.000.000 de crianças continuarão a morrer de fome anualmente; entre 50 a 60 países deverão ver frustradas suas perspectivas de um crescimento econômico sustentável, nos próximos cinco anos pelo menos; as mazelas sociais – crime, violência, corrupção, consumo de drogas, prostituição, venda de armas, etc. - persistirão sua trajetória ascendente.
Para pensar: Segundo a ONU, essas manipulações ilícitas (criminosas) já correspondem a praticamente a 25% da movimentação bancária transoceânica Ásia –Europa – EUA!