sexta-feira, 27 de abril de 2012

VERDADES INCONVENIENTES

No girar desse mundo louco, é bom parar de vez em quando e reflexionar sobre algumas verdades que, todavia que molestas, podem ajudar a mudar nossa percepção da realidade. Por exemplo:
   
       *Nos países mais ricos, é natural que grande parte de seus habitantes ambicione desfrutar de um     ganho adequado e crescente. Esse segmento da população habitua-se a que isso é perfeitamente natural, condicionando assim seus desejos e expectativas a esse modo de ver sua existência.  Assim sendo, existe uma forte habituação à idéia de consumos continuamente crescentes, conceito matriz de um dos credos sagrados do sistema capitalista&liberal : Mais de tudo, sem limites”.

  *Se, nos próximos 40 anos, toda a humanidade tivesse o mesmo padrão de vida que desfrutam os países mais desenvolvidos - aspiração de nove entre cada 10 nações do globoseriam necessários cinco ou seis Planetas Terra para satisfazer as demandas geradas por essa opulência.   E o Planeta, tal como o conhecemos hoje, seria totalmente devastado, fazendo praticamente impossível a vida e até, provavelmente, a continuidade de nossa civilização.

  *As 250 maiores empresas mundiais são as verdadeiras detentoras do poder globalizante.  Essa fantástica concentração de força deixa á maioria da população mundial à mercê de decisões apenas guiadas pelo egoísmo e o desejo incontrolável do lucro. “Duela a quién duela”.

       *África, independentemente de quaisquer análises mais profundas, dá a impressão de um continente sem sorte, ainda que 4000 anos atrás já fosse o berço de civilizações esplendorosas, comparáveis com aquelas que brilhavam no extremo oriente. Mas, sua proximidade com Europa, sua fraqueza militar, seu desconhecimento das armas de fogo e a promessa latente na exploração de suas  imensas riquezas eram uma isca irresistível para os impérios europeus dos Séculos XVIII e XIX, que não vacilaram em extrair o máximo de suas sofridas populações e deixaram como herança maldita muitas das mazelas de sua situação atual.

  *O egoísmo è, sem a menor dúvida, um flagelo equivalente a pior das doenças que açoitam a humanidade. Exemplo: apenas 10% do gasto mundial em armamentos seriam suficientes para acabar com a miséria dos 20% menos afortunados do planeta.

(ADVERTENCIA: devido ao possível risco de ataques súbitos de consciência, de conseqüências incontroláveis, a leitura do trecho abaixo é terminantemente proibida para 50%% dos políticos das Américas, da Europa, da Ásia...).

  *Segundo Confúcio, “apenas o homem nobre (em termos de moral) deve ser governante e deve sempre procurar rodear-se de conselheiros nobres e virtuosos. O governo deve ser o reflexo de sua moral, sua capacidade de amar, sua obediência filial e o respeito a suas tradições”.

(Sonhar não custa nada. Ainda!).









quinta-feira, 19 de abril de 2012

UM PREÇO MUITO ALTO

Nossa civilização pode tanto ser definida como a última etapa da rebelião dos gênios da energia, tal como a conhecemos e usamos negligentemente nos últimos 300 anos; ou como o degrau inicial da utilização massiva de tecnologias ambientalmente não agressivas para produção daquilo que podemos, com toda propriedade, apelidar como o sangue vital de nossa era: a energia.
A base de geração de riqueza do “sistema” que, desde nosso nascimento, aprendemos naturalmente a aceitar como definitiva e intocável - é assim, não pode mudar, faz parte – tem como princípio a extração de materiais fósseis - basicamente, carvão e petróleo – não renováveis, finitos, exauríveis, concentrados, sujos, agentes de poluição e geradores de todo tipo de perversidades.
A história é muito esclarecedora, revelando que através dos tempos essa dupla sinistra deixou um caminho de iniqüidades, crimes, ditaduras, monopólios, guerras, conflitos intermináveis, doenças, trabalho subumano, enfim, no dizer popular, “são do mal”. E, de um modo ou outro, a expansão e a essencialidade de seu uso foram suficientes para justificar e encorajar a cobiça, a falta de escrúpulos, a ânsia de poder, os conflitos armados, as aventuras territoriais, a paixão pela riqueza e muitos preconceitos que, em parte, contribuíram para moldar econômica e politicamente nosso planeta.
Depois, surgiu o “último grito” da tecnologia, que usa cinicamente a carapuça de “energia limpa” como justificativa para a construção de quase 500 usinas nucleares pelo mundo fora, esquecendo convenientemente as conseqüências terríveis dos presumíveis acidentes – Three Mile Island, Chernobyl, Fukushima são lembretes conhecidos – e puxando para debaixo do tapete as montanhas de resíduos nucleares que, mais cedo ou mais tarde, cobrarão da Terra sua conta na duração e a qualidade de vida das gerações do próximo Século. Ou antes?
De tudo isso, estamos matando o planeta por desleixo, incompetência e interesses de alguns grupos – não esquecer os políticos! - insensíveis às verdadeiras necessidades de nossa civilização.
Quero lembrar, apenas como registro, que os dois países responsáveis pela emissão de mais de 65% dos gases poluidores são a China e os EUA, que têm no carvão a fonte de 75% e 50% de sua geração de energia elétrica, respectivamente. E são também os maiores consumidores de petróleo, devorando 40% da produção mundial!
Já que pelo que nos consta ninguém está bombeando de volta petróleo para as entranhas da terra, temos que aderir, nem que seja por simples questão de tentativa de sobrevivência, às energias alternativas – derivadas, do vento, do sol, da água, do etanol e de diversas outras fontes renováveis e não poluidoras.
Essas fontes, que para a 2ª. metade deste Século serão a parte fundamental de uma nova forma de dominar a ciência de produzir energia têm, em geral, algumas coisas em comum: 1) receberam, recebem e continuarão a receber a oposição – aberta ou dissimulada – das grandes empresas multinacionais que extraem seus lucros fabulosos das formas tradicionais de produzir, processar e distribuir energia das fontes não renováveis; 2) são descentralizadas; 3) podem ser usadas sob medida às necessidades dos usuários; 4) suas matérias primas básicas não podem ser objeto de monopólios; 5) podem ser implementadas em qualquer lugar do planeta; 6) devem gerar investimentos fabulosos nas próximas décadas.
São, essencialmente, um grito de liberdade no caos do modelo de civilização de nosso tempo.
Em tempo: Até 2020, o Brasil pretende ter 20% de sua matriz energética derivada de novas fontes renováveis, com destaque especial para a energia eólica.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

O MERCOSUL À DERIVA


O ex-presidente espanhol Felipe González, um dos maiores incentivadores de um acordo de Livre Comércio entre a UE –União Européia – e o MERCOSUL, afirmou a necessidade de um “esforço de construção de uma nova ordem internacional para o Século XXI, onde espaços supranacionais como a União Européia e o MERCOSUL, poderiam configurar uma nova forma de governabilidade mais equilibrada, mais cooperativa e mais solidária”. O que reforça a idéia que os países do Cone Sul podem trazer uma contribuição muito mais importante para amenizar e solucionar os problemas latentes em cenários que hoje apresentam um elevado potencial de instabilidade. Daí, nunca é demais reiterar a imperiosa necessidade de uns sólidos entrosamentos entre os parceiros da “Grande Aliança do Cone Sul”, Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, deixando evidente que a região pode trazer uma significativa contribuição política como zona segura e estável, garantindo assim uma posição e uma voz respeitada no panorama mundial.


O dito pode ser considerado um chamado à reflexão a aqueles – e aqui temos que destacar negativamente a Argentina cujas atitudes nos últimos tempos passam por altos princípios e acordos que deram origem e sustentação à união desses quatro países - que esquecem os benefícios do MERCOSUL, provados e comprovados ao longo dos últimos 20 anos, no altar dos interesses de lobbies poderosos, de políticos desnorteados e de tecnocratas ufanistas sem maior comprometimento com a real importância do
processo de integração regional.

Todos devem entender que não é o momento para que um choque de interesses, nem sempre muito claros quando colocados sob o prisma do bem comum, que venha agregar à região um contencioso de conflitos econômicos que, entre outros malefícios, pode vir a confirmar a velha idéia de que “os países da América do Sul não são confiáveis”.  E que, automaticamente, emperram as negociações cruciais atualmente realizadas nos âmbitos da UE, do Pacto Andino das grandes nações da Ásia, as quais, num futuro não muito distante, devem incluir os blocos da bacia do Pacífico.

Para o resto do mundo, resulta essencial que o MERCOSUL possa seguir mostrando que se esforça por manter uma área de desenvolvimento exemplar, de comércio intenso e aberto, de estabilidade, de paz e que não fraqueja na busca do equilibro social e a qualidade de vida, legitimas aspirações de seus povos.

Os danos de uma possível volta para trás no processo de integração e de futura formação de um Mercado Comum são substancialmente maiores que as diferenças existentes, todas passíveis de negociação. Sem esquecer que o processo de consolidação do MERCOSUL obriga a ultrapassar dificuldades internas que podem emperrar negociações que serão vitais para dar o formato à convivência internacional desta parte do mundo nas próximas décadas.



quarta-feira, 4 de abril de 2012

COMÉRCIO INTERNACIONAL & PAZ

Em 1776, no clássico “Riqueza das Nações”, Adam Smith - com a sapiência que a história só reconheceria na posteridade – afirmava que “os conflitos entre nações seriam empurrados para um canto esquecido por exércitos de empresários que atravessariam as fronteiras com o único objetivo de negociar e potencializar suas vantagens comparativas”. Mundo ideal, que descortinava um cenário internacional unido pelo comércio e que, de certo modo, antecipava alguns dos aspectos positivos do processo de globalização que se solidificaria mais de duzentos anos mais tarde.

Em 2009, levadas pelo turbilhão da crise do sistema liberal-capitalista, as exportações mundiais declinaram pouco mais de 12% com relação ao ano anterior, enquanto que o Brasil emplacava amargos 24%%, um tropeção acre na sua corrida para ganhar os mercados mundiais. Mas, o que mais chama atenção é que, revertendo um quadro histórico - as trocas além fronteiras normalmente crescem com uma velocidade sempre superior à taxa de evolução do PIB - foi o comércio internacional que cooperou para empurrar para as trevas o crescimento da economia mundial, que teve uma queda de quase 3%.
E, no presente? Bem, de qualquer modo, parece que o paciente iniciou, entre trancos e barrancos, o árduo processo de recuperação, aparecendo aqui e acolá alguns tímidos sinais de que o pior parece já ter passado. E, nesse período de luzes e sombras, os principais atores que evitaram o apocalipse da economia mundial, foram a China, a Índia e os países da América do Sul.  Sem esquecer que o Brasil também deu uma mãozinha!

É importante lembrar que, nos tempos tumultuados de nosso caminho para o futuro, tanto a ONU- Nações Unidas - como a OMC – Organização Mundial de Comércio - insistem na importância do intercâmbio comercial como instrumento decisivo para a manutenção da convivência pacífica entre os povos e o fortalecimento dos caminhos para o crescimento sustentável, pelo menos do ponto de vista econômico. Confirmando isso, recente estudo das Nações Unidas demonstra uma correlação direta entre comércio, desenvolvimento e paz, onde se verifica que quando existem laços comerciais fortes, as controvérsias são suavizadas pelo predomínio de interesses comuns e os índices de desenvolvimento não param de subir.
Em tempo: Hoje parece que Argentina está rumando no caminho contrário desses
preceitos, abrindo passagem para contestação dos benefícios da aliança comercial com seus parceiros do Cone Sul.
Vale enfatizar que, nos últimos anos e confirmando essa visão, um dos aspectos mais destacados no crescimento do comércio mundial foi o fulminante aumento da participação internacional dos países asiáticos - liderados por China, Índia, Coréia do Sul, Malásia, Filipinas Singapura, etc. - numa das regiões tradicionalmente mais conflituosas do globo, que tanto aumentaram dramaticamente seu intercambio com os países atlânticos, senão que também multiplicaram o comércio entre seus vizinhos do Pacífico.    
Onde, sem dúvida, o caminho da harmonia foi azeitado pelo comércio que acelerou o movimento do circulo virtuoso da paz.