Em recente
relatório divulgado previamente à reunião de Davos16, a Oxfam, organização líder
mundial na sistematização e análise de informações sobre distribuição da
riqueza globalizada e que assessora a ONU sobre o tema, publica dados que
revelam claramente que vivemos num mundo profundamente desigual, donde apenas 1% da população mundial acumula 99%
da riqueza planetária.
Pior ainda: Entre esses privilegiados, menos de uma centena
dos “mais mais”, concentra 50% dessa fortuna! O que, trocado a miúdos, possui
um poder financeiro superior ao de qualquer país, inclusive os EUA.
No seu informe anual (Uma
economia a serviço de 1%) a entidade revela que essa concentração de
riqueza não para de aumentar e que as crises que assolaram o mundo desde 1990
foram substancialmente favoráveis aos mais abastados. Ou, de outro modo: Num
“sistema” que suporta 200 milhões de desempregados e cinco vezes mais de
famintos e desamparados, nesses últimos 25 anos os mais endinheirados da Terra simplesmente
duplicaram sua fortuna!
Enfim, coisas do “sistema” – institucionalizado praticamente
na segunda década do Século XX no fragor da 1ª Guerra Mundial – e que,
queiramos ou não, gostemos ou não, governa a economia do Planeta, fielmente
protegido por umas 5.000 grandes organizações internacionais. E, como é
natural, por centenas de milhares de ingênuos, entremeados por aproveitadores e
corruptos.
Entre outras medidas – a evolução positiva da ética e da
responsabilidde social dos possuidores das maiores fortunas não pode ser
descartada – a Oxram sugere a eliminação dos Paraísos Fiscais, refugio preferido
dos privilegiados. E de todos aqueles com dinheiro de origem obscuro.
Outro
registro: o Escritório do Orçamento do Congresso dos EUA publicou um relatório
que revela que nos últimos 30 anos a parcela dos cidadãos mais ricos dos
Estados Unidos quase triplicou sua renda, enquanto as famílias mais pobres
viram seu patrimônio crescer apenas 18% no mesmo período!
Joseph Stiglitz, Premio
Nobel de Economia, afirmou em recente artigo no New York Times: “Desde os anos 80, o capitalismo
foi fortemente desregulado ao estilo americano, logo imitado pelos demais
países ricos. Na verdade, a promoção dessa ideologia trouxe bem-estar material
para os ricos do mundo, enquanto os demais viram sua renda estagnar ou
diminuir ano após ano".
Complemento:
As Nações Unidas mostram no seu informe anual que o aumento das desigualdades
de ingressos em todo o mundo é um dos fatores básicos que contribuem para
ampliação do conjunto calamitoso das mazelas sociais – violência, consumo de
drogas, prostituição, corrupção, impunidade, insegurança, racismo, descrença
nos valores éticos, desemprego, etc. – que travam um desenvolvimento contínuo,
sustentável e livre de crises, essencial para conservar uma condição de vida
que mantenha viva a esperança de um futuro melhor.
Quem
sabe, numa reviravolta histórica e atropelados por essa cruel realidade, as
lideranças planetárias concordem com a ideia que tem chegado o momento de dar
início a uma mudança no modo de fazer e de distribuir riqueza nesse alvorecer
do Século XXI.
O que, entre outros benefícios,
tem potencial para criar milhões de pequenas e médias empresas e dezenas de
milhões de empregos, descentralizados e sustentáveis.