quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

A GRANDE INJUSTIÇA


Em recente relatório divulgado previamente à reunião de Davos16, a Oxfam, organização líder mundial na sistematização e análise de informações sobre distribuição da riqueza globalizada e que assessora a ONU sobre o tema, publica dados que revelam claramente que vivemos num mundo profundamente desigual, donde apenas 1% da população mundial acumula 99% da riqueza planetária.

Pior ainda: Entre esses privilegiados, menos de uma centena dos “mais mais”, concentra 50% dessa fortuna! O que, trocado a miúdos, possui um poder financeiro superior ao de qualquer país, inclusive os EUA.
No seu informe anual (Uma economia a serviço de 1%) a entidade revela que essa concentração de riqueza não para de aumentar e que as crises que assolaram o mundo desde 1990 foram substancialmente favoráveis aos mais abastados. Ou, de outro modo: Num “sistema” que suporta 200 milhões de desempregados e cinco vezes mais de famintos e desamparados, nesses últimos 25 anos os mais endinheirados da Terra simplesmente duplicaram sua fortuna!

Enfim, coisas do “sistema” – institucionalizado praticamente na segunda década do Século XX no fragor da 1ª Guerra Mundial – e que, queiramos ou não, gostemos ou não, governa a economia do Planeta, fielmente protegido por umas 5.000 grandes organizações internacionais. E, como é natural, por centenas de milhares de ingênuos, entremeados por aproveitadores e corruptos.

Entre outras medidas – a evolução positiva da ética e da responsabilidde social dos possuidores das maiores fortunas não pode ser descartada – a Oxram sugere a eliminação dos Paraísos Fiscais, refugio preferido dos privilegiados. E de todos aqueles com dinheiro de origem obscuro.

Outro registro: o Escritório do Orçamento do Congresso dos EUA publicou um relatório que revela que nos últimos 30 anos a parcela dos cidadãos mais ricos dos Estados Unidos quase triplicou sua renda, enquanto as famílias mais pobres viram seu patrimônio crescer apenas 18% no mesmo período! 

Joseph Stiglitz,  Premio Nobel de Economia, afirmou em recente artigo no New York Times: “Desde os anos 80, o capitalismo foi fortemente desregulado ao estilo americano, logo imitado pelos demais países ricos. Na verdade, a promoção dessa ideologia trouxe bem-estar material para os ricos do mundo, enquanto os demais viram sua renda estagnar ou  diminuir ano após ano".

Complemento: As Nações Unidas mostram no seu informe anual que o aumento das desigualdades de ingressos em todo o mundo é um dos fatores básicos que contribuem para ampliação do conjunto calamitoso das mazelas sociais – violência, consumo de drogas, prostituição, corrupção, impunidade, insegurança, racismo, descrença nos valores éticos, desemprego, etc. – que travam um desenvolvimento contínuo, sustentável e livre de crises, essencial para conservar uma condição de vida que mantenha viva a esperança de um futuro melhor.

Quem sabe, numa reviravolta histórica e atropelados por essa cruel realidade, as lideranças planetárias concordem com a ideia que tem chegado o momento de dar início a uma mudança no modo de fazer e de distribuir riqueza nesse alvorecer do Século XXI.

O que, entre outros benefícios, tem potencial para criar milhões de pequenas e médias empresas e dezenas de milhões de empregos, descentralizados e sustentáveis.



quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

A DÍVIDA


No andar desvairado desse tempo louco, pleno de incertezas, de presságios calamitosos e de visões apocalípticas, nada mais oportuno que lembrar alguns ensinamentos colhidos da experiência de lideres que souberam afrontar a borrasca e manter o rumo na direção de um desenvolvimento contínuo, sustentável e decisivo para manter viva a esperança de um futuro cada vez melhor.

E que mergulhados na mídia-nossa-de-todos-os-dias - que, entre outros quefazeres, pugna por adiantar-se de seus pares para ser a primeira em divulgar as piores notícias, devidamente apimentadas para satisfazer desejos disfarçados de torcer pela desventura alheia - jogamos para o escanteio o bom senso e esquecemos-nos de analisar os fatos com uma visão isenta de preconceitos e de sinais políticos-partidarios-ideológico-sectários. Em soma: Somos empurrados para longe do objetivo final, que é o bem da Nação e de todos seus habitantes!

Isto posto, é preciso – melhor, é fundamental – acordar para a imperativa necessidade de uma transformação radical nas atitudes daquelas lideranças que devem abraçar causas maiores. E precisamos admitir que, não obstante de um cenário nacional calamitoso, nunca é tarde.

Entre outras, essa mudança poderá começar através dos partidos políticos e não apesar deles, como muitas vezes pessoas revoltadas, ainda que bem intencionadas, expõem suas ansiedades e temores pregando o fim da democracia como antídoto para os males que, impiedosos, afligem à maioria da sociedade brasileira.

É mais que evidente que a política-e os políticos, seus expoentes máximos – têm uma culpa imensa no cartório que registra as deficiências quase ilimitadas de nossa governança e do sistema institucional que lhe dá sustentação.

O preço que a sociedade – especialmente os mais pobres - paga por essa falha é incomensurável e, infelizmente, essa  divida continua crescendo!

Quando os partidos declinam na sua busca leviana pelo poder –e seus benefícios - esquecendo as elevadas premissas e ideais que lhes deram origem. prestam um desserviço imperdoável à democracia e à governabilidade. Assim, é absolutamente fundamental um cambio nas atitudes e na conduta dos políticos que, gostemos ou não, são parte efetiva do regime democrático. O qual, temos que admitir, com todos seus defeitos, ainda é o melhor dos sistemas cunhados pelo Homem para orientar sua atribulada caminhada do convívio social.

Precisamos insistir, pressionar, apelar para uma volta por cima acreditando que os partidos voltem a ser o caminho natural onde a sociedade canaliza seus anseios, confiando que seus membros são guiados, valorosa e decididamente, por valores superiores. E nessa indispensável tarefa, servem de exemplo pela sua integridade e seu trabalho em beneficio de todas as pessoas, honrando a confiança nele depositada nas urnas.

É certo que essa mudança será lenta, cheia de obstáculos, dolorosa. E exigirá lideranças corajosas, nutridas pelo patriotismo e o desejo do bem maior da NAÇÃO.


Mas, acreditem, existem!

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

VOLTA ÀS ORIGENS


Em seminário prévio à Reunião de Cúpula do MERCOSUL, realizada no final de dezembro, o ex-presidente do Uruguai, José Mújica, fez referencia à lentidão do processo de integração e a falta e consenso entre os sócios, especialmente Argentina e Brasil, destacando de modo incisivo: “A tragédia é que sacrificamos o porvir de nossos povos no altar de egos e interesses menores. Os dirigentes e os políticos da região serão julgados pela Historia pelos danos que trouxeram à causa comum de um maior e mais justo progresso das nações do bloco”.

O dito deve ser considerado um chamado à reflexão para as lideranças que tem a missão iniludível de conduzir seus respectivos países pelo caminho da integração como um mecanismo de forte impacto positivo na aceleração do crescimento regional. E aqui temos que destacar negativamente o governo a Argentina, cujas atitudes nos últimos cinco anos deixaram de lado os princípios e acordos que deram origem e sustentação à união desses países no altar dos interesses de lobbies poderosos, de políticos desnorteados e de tecnocratas ufanistas sem maior comprometimento com a real importância com o processo de integração regional.

Aparentemente, esse período ruim já passou.

Para o resto do mundo, resulta essencial que o MERCOSUL possa seguir mostrando que se esforça por manter uma área de desenvolvimento exemplar, de comércio intenso e aberto, de estabilidade, de paz e que não fraqueja na busca do equilibro social e a qualidade de vida, legitimas aspirações de seus povos.

Os danos de uma possível volta atrás no processo de integração e de futura participação em outros pactos regionais são substancialmente maiores que as diferenças existentes, todas passíveis de negociação. Basta lembrar a importância de manter-se a unidade, força e credibilidade nas negociações vitais ora em face final com a União Europeia. E com outros grupos interessados da região do Pacífico e de outras partes do mundo.

Isso, mais que evidente, não deixa espaço para usar dificuldades internas que podem emperrar negociações que serão vitais para dar o formato à convivência internacional desta parte do mundo nas próximas décadas.

Os presidentes dos países membros fizeram questão em enfatizar, de todas as formas possíveis, que o “tempo cinza das desavenças” é coisa do passado e que todos, cientes da importância do MERCOSUL, participarão do esforço comum na criação de um novo tempo de integração, harmonia e desenvolvimento.
O tempo dirá!