Faz menos de uma geração que
eram contados os economistas que se atreviam apostar que a China poderia um dia
situar-se entre as maiores economias do mundo. No início década dos 80, no
principio da corrida para o futuro da era Deng, pesava fortemente em contra de
qualquer visão mais otimista tanto o pesado fardo dos tempos de Mao e o
preconceito de ser um país comunista – que, no imaginário divulgado pela CIA,
seus dirigentes comiam criancinhas no café da manhã! – assim como o abismo
aparentemente intransponível de suas terríveis deficiências econômicas e
sociais. E ainda: era uma região muito distante, pouco conhecida, escondida
pelo véu dos mistérios do Oriente e, para agravar, abrigando a maior massa de
famintos do mundo.
Mas, tudo muda. Assim, quem
diria que no início da segunda década do Século XXI, a China alcançaria a
posição da segunda potência econômica do mundo e somaria um conjunto
impressionante de sucessos econômicos suficientes para deixar de barbas de molho
os EUA, líder tradicional dos recordes globalizados.
Recentemente, ainda que crescendo “apenas”
por volta de 7% ao ano, um pouco aquém dos resultados exuberantes que marcaram
o caminho da China como potência mundial, o país continua sendo o de mais alto desenvolvimento
entre os membros do G20 – grupo das 20 maiores economias do mundo – e continua
líder no comércio mundial, nos investimentos em países da África e de América
Latina, na aplicação de novas tecnologias para produção de energia e nas
diversas áreas de conhecimento especializado que marcarão a diferença entre as
nações nas décadas futuras. Isto, para indicar o menos.
Sem dúvidas, a China deverá ser (é!) um dos grandes responsáveis para a
saída da maior crise econômico-financeira dos tempos modernos, avivada pela
governança deficiente, a corrupção e o egoísmo, tudo temperado com interesses inconfessáveis.
Os gurus de plantão são fartos em predições conflitantes que pretendem
estabelecer os caminhos para retomada do crescimento global e, no atropelo para
serem os primeiros a encontrar a fórmula da prosperidade, deixam de lado
princípios consagrados vindos dos chineses que, lembrando ensinamentos de
Confúcio, estão convencidos de que nos tempos que virão a riqueza das nações
passa a ter como paradigmas o conhecimento, a inteligência, a inovação, a
criatividade, a boa governança e um novo pacto social, inclusivo e
abrangente. E, numa continua roda viva,
cultivam a crença de que os fatos do passado não são uma boa base para entender
as mutações da atualidade, acreditando firmemente que a visão do futuro deve
dar forma à edificação do presente, ponte imperativa entre aquilo que foi e
aquilo que será.
De resto, não podemos esquecer que os descendentes daqueles que ergueram
a Grande Muralha – ainda povoada pelos espíritos dos mais de 1.000.000
trabalhadores que perderam a vida durante sua construção – são especialistas em
vislumbrar os acontecimentos futuros, notadamente no campo econômico, onde
exercem com desenvoltura suas predições apoiadas nas melhores mentes que
militam nas suas universidades, mestres em integrar os conhecimentos ocidentais
com aqueles cunhados pela sabedoria oriental.
No mais, temos muito que reflexionar e
aprender para dar asas á construção de um futuro melhor tal como deseja a
imensa maioria dos habitantes deste Planeta Azul.