Em 2014, o
volume de empréstimos da China para os países da América Latina foi superior á
soma dos desembolsos do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do BID (Banco
Interamericano. de desenvolvimento). Ou, em outras palavras, os países da
região continuam afastar-se gradualmente das fontes tradicionais de
financiamento, lideradas por EUA e Europa, passando a receber fundos chineses
para levar adiante seus projetos. Isso, se outra coisa não é, significa uma
reviravolta no perfil de influencias externas da região, o que abre caminho
para mudanças mais profundas no terreno econômico e político internacional nos
próximos anos.
Uma coisa é
certa: Pela sua eficiente atuação nos países da América Latina – aqui o Brasil
é peça chave – já pode afirmar-se que a China na atualidade ocupa a mesma que posição
que EUA desfrutavam no início do Século XX. Porém, com uma grande diferença:
Sem ocupação de territórios, guerra, imposições ou violência, apenas negociações
e ajuste de interesses, entremeados com generosos acordos de cooperação do
poderoso país do Pacífico.
Na sessão de apertura da primeira do
Fórum China-CELAC (Comunidade de Estados Latino Americanos e do Caribe), o
presidente chinês, Xi Jinping, revelou que a China deverá investir 250 bilhões
de dólares na região nos próximos dez anos. Nesse período, o comércio
bilateral, deverá atingir um mínimo de 500 bilhões de dólares, 120% a mais que
as cifras de 2014.
Tudo isso é coerente com a inteligente
atuação do dragão chinês nos últimos dez anos, até aproveitando o período em que
uma ventania tempestuosa sacudia as estruturas de nações ricas e poderosas,
especialmente EUA, Alemanha, Reino Unido e Franca e, por isso, deixando a China
livre para levar adiante uma ofensiva mundial para ocupar os espaços deixados
pelos outrora “donos do mundo” e provar que é um país confiável, forte e
que busca a paz, a amizade e a harmonia entre as nações. E que hoje,
do alto de seus quase quatro trilhões de dólares de reservas, é a único que tem
a bolsa cheia para investir, financiar e comprar.
Em soma, atentos às inúmeras carências dos países da região e aos
ensinamentos históricos, afirmam sua vontade de cooperação, concretizando negócios, assinando
acordos, realizando investimentos, enfim, de todos os modos possíveis, tentam
provar que China é um parceiro “do peito” nos momentos difíceis.
Sem dúvidas, na América Latina, no jogo
de xadrez da geopolítica internacional, ocupam espaços vitais com a visão da
importância estratégica da região, especialmente em relação às matérias primas,
alimentos, água, biodiversidade e mercados.
Dezenas de acordos e convênios balizam as relações China-América
Latina, cobrindo campos como biotecnologia, energia, agricultura, educação,
comércio, novos materiais, transporte, turismo, etc.
Ao mesmo tempo, os investimentos e as empresas chinesas não param de
chegar, tanto aproveitando as imensas oportunidades dos países emergentes da
América Latina como abrindo novos caminhos na competição global por mercados e
negócios.
Claro, sem deixar de cutucar os EUA, seu mais próximo adversário para
ocupar o primeiro lugar como potência econômica e militar, acenando, entre
outros grandes projetos de impacto, a possibilidade de colaborar intensivamente
numa ligação Atlântico-Pacífico através de Nicarágua, numa via férrea
Brasil-Perú pela Amazônia e numa ligação fluvial pelo Centro-Oeste entre os
rios Amazonas e Prata.
Está acontecendo. Se continuar, vai
significar uma mudança revolucionária na América Latina, voltada do Atlântico para o Pacífico, que
poderá ser plenamente concretizada na década de 2030.