segunda-feira, 13 de outubro de 2014

VOLTANDO A TONA




 Um mundo de luzes e sombras

Lentamente, entre fatos positivos – o mais relevante é a inesperada e forte recuperação da economia dos EUA, que sozinha responde por 24% do PIB mundial – e outros nem tanto mas que, no conjunto, indicam que o pior parecesse ser coisa do passado, muita cautela e cuidado ainda são necessários para trazer a criação de riqueza global aos niveles de sustentabilidade econômica, digamos algo como 5% ao ano de crescimento, cifra ainda longe dos 3,3% projetadas pelo FMI para 2014. Felizmente, para 2015 as estimativas são de “um mínimo” de 3,8%!

É até lógico que, no mundo todo, a mídia-nossa-de-cada-dia deita e rola em cima das “más” notícias que a “crise”, prodigamente, joga no colo dos editores dos meios de comunicação globalizados que, por dever de ofício, têm que esforçar-se em transformar em manchetes os destroços quentes da economia cambaleante, antecipando o sofrimento das multidões indefesas. Esse trabalho afoito até faz lembrar as estórias dos porões da imprensa do início do Século XX, quando era voz corrente que “a desgraça, assim como a guerra, vende jornais”. 

Mas, na verdade, de vez quando, aparecem as boas notícias que até mereceriam mais manchetes e destaque como provas de que existem forças vivas lutando para superar esse tempo de sombras e lutam por demonstrar que esse período terrível da economia mundial já mostra sinais de ter sido superado. Tocar madeira é permitido!

A sombra da desigualdade

Os países asiáticos - em particular a China – têm sido uma das peças chaves na recomposição da arquitetura financeiro-econômica global E de um modo que eles conhecem bem: crescendo de um modo contínuo e assim, criando demanda e mercado para o resto do mundo, ajudando a promover o avanço estável da economia, tão desejado no mundo todo. 

Avanço que tem um forte aliado no crescimento da América Latina que, entre trancos barrancos – Argentina e Brasil são devedores nesse processo – também está contribuindo para que o Sul Econômico já supere o Norte Econômico como maior gerador da riqueza planetária.

Em números, já em 2014 o PIB mundial deve atingir 74,1 trilhões de dólares correntes e 86,8 trilhões de dólares internacionais em PPP - Paridade do Poder de Compra - um indicador mais fidedigno da riqueza produzida, sendo que as economias avançadas devem cair para 49,2% do total da economia mundial, desfrutados por 1,1 bilhão de habitantes, com uma renda per capita anual, em valores correntes, de 41,2 mil dólares (PPP). Pela sua vez, as economias em desenvolvimento devem chegar a 50,8% do PIB mundial, com uma população de cerca de 6 bilhões de habitantes e uma renda per capita de 7,4 mil dólares (PPP). Ou pouco menos de 18% daquela alegremente desfrutada pelos mais ricos! Ou seja: o abismo e fundo e ainda resta muito por fazer.

A China

Não resta muita dúvida que essa mudança do eixo do poder Norte-Sul foi notavelmente auxiliada pelo fortíssimo crescimento da China nos últimos 30 anos, o qual criou um novo grande mercado para as matérias primas do Sul, ocasionando o aumento internacional de suas cotações que favoreceram enormemente as economias em desenvolvimento. 

Para o futuro, a China reserva ainda alguns trunfos importantes: a dinamização de seu mercado interno, o de maior potencial do mundo; investimentos garantidos de trilhões de dólares em áreas chaves, como transporte, energia, meio-ambiente, habitação, promoção social, etc.; reservas de quase 3 trilhões de dólares, a maior do mundo; sistema financeiro interno relativamente sólido, com rígidos controles para manter a liquidez; e atuação governamental firme e competente para manter os rumos traçados.

Bem, esses fatos diferenciam a China dos outros grandes países e é uma boa base para continuar seu processo para fazer do país, muito proximamente, a maior economia do planeta.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

GUERRA E PAZ




1930

Desde tempos remotos, a Historia registra inumeráveis conflitos comerciais que degeneraram em guerras e que, de uma forma ou outra, contribuíram para formatar os espaços políticos desse nosso mundo globalizado. 

Entre os que deixaram marcas quase impossíveis de esquecer e que perduram até nossos dias figura a guerra comercial da década de 1930, fruto da crise que se arrastou pelo planeta sem perdoar ninguém e que castigava impiedosamente tanto as nações pobres como as mais poderosas.

Foi um tempo quando o protecionismo comemorou (?) momentos de triunfo absoluto na medida em que os países – de todo o mundo - rivalizavam por erguer as mais potentes barreiras contra a entrada de produtos “dos outros”, no cego e infrutífero propósito de preservar empregos e criar riqueza. Foram, por dizer o menos, tempos sombrios que aceleram os extremismos, os descontentamentos e as rivalidades entre as nações.

Tudo terminou com a II Guerra Mundial que, apesar de seus terríveis malefícios, teve o efeito de criar novas necessidades e com isso, empregos e demanda. Na verdade, foi um modo irônico e diabólico de criar benefícios a partir do sofrimento e a morte de dezenas de milhões de infelizes.  

Lições aprendidas

Logo após a II Guerra Mundial, duas iniciativas deram um formidável empurrão para tentar evitar as tensões comerciais de tão penosa memória: Em Europa se iniciou a cooperação internacional nos setores de aço e carvão e, em escala mundial, foi estabelecido o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT – General Agreement on Tariffs and Trade).

Ambas as iniciativas prosperaram e se expandiram notavelmente: A primeira deu origem a União Europeia e a segunda, a Organização Mundial do Comércio (OMC), que na atualidade é dirigida por um diplomata brasileiro, Roberto Azêvedo. A OMC é um organismo especial da ONU (Nações Unidas) e tem sua sede em Genebra (Suíça).

 Pode afirmar-se que, desde sua formação, a OMC tem sido um dos mais poderosos instrumentos internacionais para manter a paz global, a partir de seu papel conciliador orientado para dirimir pacificamente conflitos de interesses e controvérsias com base em princípios aceitos consensualmente por todos seus membros, comprometidos a defender e respeitar normas que buscam manter um equilibro justo entre todos os países.


Para abreviar, pode dizer-se que vendedores geralmente evitam brigas com compradores ou, de outro modo, se o comércio internacional se desenvolve sem tropeços e existem relações saudáveis entre as partes, diminui a possibilidade de um conflito político e a prosperidade não é ameaçada por interesses que, legítimos ou não, contem o germe de desavenças de final imprevisível. 

A confiança é chave para encontrar os caminhos do entendimento e as boas relações entre as nações tem demonstrado ser, na linha do tempo, uma das melhores alavancas para um desenvolvimento continuo e sustentável.

E, sem dúvida, a OMC tem demonstrado a importância de seu papel essencial como provedora de seu fruto mais importante: A PAZ.
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