Um mundo de luzes e sombras
Lentamente,
entre fatos positivos – o mais relevante é a inesperada e forte recuperação da
economia dos EUA, que sozinha responde por 24% do PIB mundial – e outros nem
tanto mas que, no conjunto, indicam que o pior parecesse ser coisa do passado,
muita cautela e cuidado ainda são necessários para trazer a criação de riqueza
global aos niveles de sustentabilidade econômica, digamos algo como 5% ao ano
de crescimento, cifra ainda longe dos 3,3% projetadas pelo FMI para 2014.
Felizmente, para 2015 as estimativas são de “um mínimo” de 3,8%!
É até lógico
que, no mundo todo, a mídia-nossa-de-cada-dia deita e rola em cima das “más”
notícias que a “crise”, prodigamente, joga no colo dos editores dos
meios de comunicação globalizados que, por dever de ofício, têm que esforçar-se
em transformar em manchetes os destroços quentes da economia cambaleante, antecipando
o sofrimento das multidões indefesas. Esse trabalho afoito até faz lembrar as
estórias dos porões da imprensa do início do Século XX, quando era voz corrente
que “a desgraça, assim como a guerra, vende jornais”.
Mas, na
verdade, de vez quando, aparecem as boas notícias que até mereceriam mais manchetes
e destaque como provas de que existem forças vivas lutando para superar esse
tempo de sombras e lutam por demonstrar que esse período terrível da
economia mundial já mostra sinais de ter sido superado. Tocar madeira é
permitido!
A sombra da desigualdade
Os países asiáticos - em particular a China – têm sido uma das peças
chaves na recomposição da arquitetura financeiro-econômica global E de um modo
que eles conhecem bem: crescendo de um modo contínuo e assim, criando demanda e
mercado para o resto do mundo, ajudando a promover o avanço estável da
economia, tão desejado no mundo todo.
Avanço que tem um forte aliado no crescimento da América Latina que,
entre trancos barrancos – Argentina e Brasil são devedores nesse processo –
também está contribuindo para que o Sul Econômico já supere o Norte Econômico
como maior gerador da riqueza planetária.
Em números, já em 2014 o PIB mundial deve atingir 74,1 trilhões de
dólares correntes e 86,8 trilhões de dólares internacionais em PPP - Paridade
do Poder de Compra - um indicador mais fidedigno da riqueza produzida, sendo
que as economias avançadas devem cair para 49,2% do total da economia mundial,
desfrutados por 1,1 bilhão de habitantes, com uma renda per capita anual, em
valores correntes, de 41,2 mil dólares (PPP). Pela sua vez, as economias em
desenvolvimento devem chegar a 50,8% do PIB mundial, com uma população de cerca
de 6 bilhões de habitantes e uma renda per capita de 7,4 mil dólares (PPP). Ou
pouco menos de 18% daquela alegremente desfrutada pelos mais ricos! Ou seja: o
abismo e fundo e ainda resta muito por fazer.
A China
Não
resta muita dúvida que essa mudança do eixo do poder Norte-Sul foi notavelmente
auxiliada pelo fortíssimo crescimento da China nos últimos 30 anos, o qual
criou um novo grande mercado para as matérias primas do Sul, ocasionando o
aumento internacional de suas cotações que favoreceram enormemente as economias
em desenvolvimento.
Para o futuro, a China reserva ainda alguns trunfos importantes: a
dinamização de seu mercado interno, o de maior potencial do mundo;
investimentos garantidos de trilhões de dólares em áreas chaves, como
transporte, energia, meio-ambiente, habitação, promoção social, etc.; reservas
de quase 3 trilhões de dólares, a maior do mundo; sistema financeiro interno
relativamente sólido, com rígidos controles para manter a liquidez; e atuação
governamental firme e competente para manter os rumos traçados.
Bem, esses fatos diferenciam a China dos outros grandes países e é uma
boa base para continuar seu processo para fazer do país, muito proximamente, a
maior economia do planeta.