A grande transformação
Nos
últimos 35 anos a China experimentou uma transformação dramática e substancial
na medida em que passava de uma economia que obedecia rigidamente os princípios
do comunismo ortodoxo para uma nova fase batizada de “socialista de mercado” com o objetivo de extrair o melhor de ambos
os sistemas sem perder de vista a necessidade de manter o equilibro de forças
que até então eram consideradas antagônicas e naturalmente excludentes.
No
presente, longe dos anos que o país compartilhava com a índia o triste titulo
de albergar o maior número de pobres e famintos do planeta, hoje a China assume
uma posição invejável e não há duvidas de que, de várias maneiras, está
afetando nossa economia, nossas empresas, nossas vidas e nossa visão do futuro.
Este
singular modelo de desenvolvimento, que favorece a prudência na abertura do
mercado mantendo o papel regulador do Estado, tem sido reconhecido como um sistema
que merece a mais cuidadosa atenção por parte daqueles que procuraram os meios
mais produtivos para aperfeiçoar o potencial de cada país o que, na prática, pode
ser uma alternativa interessante, em todo ou em parte, para que muitas nações
cheguem mais rapidamente a níveis adequados de evolução econômico-social,
reduzindo as desigualdades e auferindo níveis de sustentabilidade, em todos os
aspectos, que consolidem a continuidade do processo nos tempos que virão.
As grandes reformas – que continuam hoje cada vez com mais força com base em programas prioritários do Governo – foram introduzidas de forma gradual e firme, com metas estabelecidas para o longo prazo, controladas e planejadas para não causar comoção nem resistências desestabilizadoras num país de tradições arraigadas e que ainda guarda nas suas elites dirigentes um sentimento muito forte da necessidade de manter o máximo dirigismo, centralizado na imagem onipresente do Estado.
Mas,
felizmente, tudo muda e a China está conseguindo harmonizar as necessidades e
os anseios populares com seus logros no sistema econômico, na organização
política e nos avanços sociais, chegando na atualidade à invejável posição da
2ª. maior economia do planeta, apenas superada pelos EUA.
Nem por
isso o imenso país de quase 1,4 bilhões de habitantes – próximo aos 20% da
população mundial - está livre de gravíssimos problemas, praticamente em todas
as áreas estratégicas de sua estrutura. Mas,
o exemplar é que sua governança é o bastante lúcida para reconhecer sua
existência e trabalhar com denodo para sua solução.
(Não
posso deixar de lembrar os tristes exemplos de nosso(s) governo(s), notórios
especialistas em encobrir a verdade, esconder a(s) sujeira(s) debaixo do tapete
e tentar vender uma imagem falsa da realidade em beneficio próprio).
Questões muito importantes
Esses
novos paradigmas estabelecem a base para uma análise acurada daquilo que muitos
líderes de países pobres - e incluso muitos emergentes - questionam: Pode a
China servir de modelo para o tipo de desenvolvimento que atenda realmente as
necessidades populares e minimize as terríveis desigualdades e injustiças do
sistema econômico-social que vigora desde o início dos tempos, que tem
demonstrado uma vocação insaciável para outorgar os maiores benefícios aos mais
fortes, abastados, insensíveis, ambiciosos e sem o mínimo respeito pelo próximo
e pela Mãe Natureza? Em tudo ou em parte, pode ser esse um caminho viável? Como
adaptar seus princípios? Será que esse modelo, independentemente do viés
ideológico, pode ser efetivo em outra base cultural e histórica? Pode realmente
servir de exemplo ou é apenas uma miragem que, se possível, apenas deve ser
aproveitada comercialmente? Até que ponto essa revolução (transformação) é
positiva para a maioria dos habitantes de nosso desiludido Planeta?os políticos
de plantão
Os ensinamentos do mestre
Interessante é que se intui nas entrelinhas dos programas chineses de desenvolvimento a influência da filosofia de Confúcio, que pregava que o caminho para o futuro estava demarcado pela paciência, pela persistência, pelo equilibro do homem com a natureza e uma vida em harmonia com todos os seres vivos.
Bem, nada
a ver com os sistemas tradicionais de governança pública, independente da
roupagem ideológica com a qual os políticos de plantão disfarçam suas reais
intenções.