A Conferência Mundial sobre o Clima, ora realizada em Varsóvia sob a égide das Nações Unidas, reunindo mais de 200 nações, deve tentar preparar uma agenda de consenso para a próxima reunião de 2015, quando um novo acordo global deve orientar a política mundial sobre o meio ambiente e seu calcanhar de Aquiles, o controle das emissões de gases nocivos que estão destruindo o clima e provocando o aquecimento planetário, esse inimigo conhecido e maléfico da qualidade de vida desta e das futuras gerações.
Claro que nada pode ser feito sem o pleno apóio e concordância das grandes economias do mundo, em especial a China e os EUA, os maiores poluidores da atualidade, que sozinhos já respondem por mais de 40% da poluição atmosférica.
O que os mais lúcidos dos negociadores tentam convencer aos participantes das necessidade imperiosa de adotar políticas de produção de riqueza – bens e serviços – mais sustentáveis, preparando o mundo para uma transformação fundamental na economia, que ganha um novo papel na preservação da vida das gerações futuras
Segundo a definição do PNUMA -Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente - ECONOMIA VERDE é “aquela que resulta em melhoria do bem-estar humano e da igualdade social ao mesmo tempo em que reduz significativamente os riscos ambientais e a escassez ecológica. Sustenta-se sobre três pilares: é pouco intensiva em carbono, é eficiente no uso dos recursos naturais e é socialmente inclusiva”.
Esse significado, na sua amplitude e abrangência, atende os objetivos
de desenvolvimento, justiça social e respeito pelo meio ambiente e, a partir dessas
premissas, defende a idéia de que seus princípios não são excludentes entre
eles nem um obstáculo ao crescimento, mas sim um novo motor para acelerar a
criação de um modelo sustentável que, além de mais, seja um gerador líquido de
empregos decentes assim como a base de uma estratégia vital para a eliminação
da pobreza.
Vale lembrar que a proposta de transição não é algo totalmente novo, já que nas últimas três décadas o bom senso político vem sinalizando que aderir a esse conceito rende votos – Alemanha é um bom exemplo - e, do ponto de vista econômico, pode significar vultosos novos negócios - as energias alternativas são um dos tantos exemplos.
É natural que a passagem de um modelo predador - que já ultrapassa os 300 anos - não pode fazer-se do dia para a noite e, muito menos, sem resistências ferozes daqueles ainda aferrados tenazmente ao sistema predominante de produzir riqueza que, seja por incapacidade de migrar para um novo modelo, seja por sentir seus interesses ameaçados, seja por ignorância, seja por puro egoísmo, enfim, não faltam nem motivos nem razões para “deixar tudo como está”. E nesse esforço contra a sobrevivência do planeta, marcam presença muitas das grandes corporações globais, que fazem unicamente da maximização do lucro a razão de sua existência, vassalos do conceito de que “o fim justifica os meios”.
Agora, é importante destacar que um dos alicerces para a implantação global do novo modelo é o combate à pobreza, urbana e rural, utilizando alguns instrumentos hoje existentes e que, no campo, tem como base a pequena propriedade rural que usa práticas de sustentabilidade.
O efeito imediato é uma rápida distribuição da riqueza e uma maior (real) democratização do setor, desde que acrescenta milhões de consumidores/cidadãos - para os especialistas de marketing, consumidores- quase na exata proporção em que se eliminam os parias sociais dependentes dos favores dos governos.
Isso, claro, para desespero dos políticos de plantão, partidários do “quanto pior, melhor”, sugadores habituais das misérias e dos males da sociedade e que utilizam as fragilidades do tecido social para atingir os benefícios do poder sem nada dar em troca.
Mas, felizmente, tudo muda.