quarta-feira, 20 de novembro de 2013

SUSTENTABILIDADE GLOBAL



A Conferência Mundial sobre o Clima, ora realizada em Varsóvia sob a égide das Nações Unidas, reunindo mais de 200 nações, deve tentar preparar uma agenda de consenso para a próxima reunião de 2015, quando um novo acordo global deve orientar a política mundial sobre o meio ambiente e seu calcanhar de Aquiles, o controle das emissões de gases nocivos que estão destruindo o clima e provocando o aquecimento planetário, esse inimigo conhecido e maléfico da qualidade de vida desta e das futuras gerações.

Claro que nada pode ser feito sem o pleno apóio e concordância das grandes economias do mundo, em especial a China e os EUA, os maiores poluidores da atualidade, que sozinhos já respondem por mais de 40% da poluição atmosférica.

O que os mais lúcidos dos negociadores tentam convencer aos participantes das necessidade imperiosa de adotar políticas de produção de riqueza – bens e serviços – mais sustentáveis, preparando o mundo para uma transformação fundamental na economia, que ganha um novo papel na preservação da vida das gerações futuras

Segundo a definição do PNUMA -Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente - ECONOMIA VERDE é “aquela que resulta em melhoria do bem-estar humano e da igualdade social ao mesmo tempo em que reduz significativamente os riscos ambientais e a escassez ecológica. Sustenta-se sobre três pilares: é pouco intensiva em carbono, é eficiente no uso dos recursos naturais e é socialmente inclusiva”.

Esse significado, na sua amplitude e abrangência, atende os objetivos de desenvolvimento, justiça social e respeito pelo meio ambiente e, a partir dessas premissas, defende a idéia de que seus princípios não são excludentes entre eles nem um obstáculo ao crescimento, mas sim um novo motor para acelerar a criação de um modelo sustentável que, além de mais, seja um gerador líquido de empregos decentes assim como a base de uma estratégia vital para a eliminação da pobreza.

Esse conceito está ainda longe de gerar unanimidade entre governos, comunidade científica, sistema econômico e sociedade civil, tais as implicações e interpretações para sua aplicação. E, naturalmente, existem dúvidas sobre os efeitos que essa nova forma de construir a modelagem do futuro econômico-social possa vir a influir nos negócios, na vida e no bem estar da humanidade. Mas em geral, pelo menos de boca, existe a concordância de que algo tem que mudar rapidamente, antes que seja tarde, como nos advertem a diário os sinais da degradação do planeta.

Vale lembrar que a proposta de transição não é algo totalmente novo, já que nas últimas três décadas o bom senso político vem sinalizando que aderir a esse conceito rende votos – Alemanha é um bom exemplo - e, do ponto de vista econômico, pode significar vultosos novos negócios - as energias alternativas são um dos tantos exemplos.

É natural que a passagem de um modelo predador - que já ultrapassa os 300 anos -  não pode fazer-se do dia para a noite e, muito menos, sem resistências ferozes daqueles ainda aferrados tenazmente ao sistema predominante de produzir riqueza que, seja por incapacidade de migrar para um novo modelo, seja por sentir seus interesses ameaçados, seja por ignorância, seja por puro egoísmo, enfim, não faltam nem motivos nem razões para “deixar tudo como está”. E nesse esforço contra a sobrevivência do planeta, marcam presença muitas das grandes corporações globais, que fazem unicamente da maximização do lucro a razão de sua existência, vassalos do conceito de que “o fim justifica os meios”.

Agora, é importante destacar que um dos alicerces para a implantação global do novo modelo é o combate à pobreza, urbana e rural, utilizando alguns instrumentos hoje existentes e que, no campo, tem como base a pequena propriedade rural que usa práticas de sustentabilidade.

O efeito imediato é uma rápida distribuição da riqueza e uma maior (real) democratização do setor, desde que acrescenta milhões de consumidores/cidadãos - para os especialistas de marketing, consumidores- quase na exata proporção em que se eliminam os parias sociais dependentes dos favores dos governos.

Isso, claro, para desespero dos políticos de plantão, partidários do  “quanto pior, melhor”, sugadores habituais das misérias e dos males da sociedade e que utilizam as fragilidades do tecido social para atingir os benefícios do poder sem nada dar em troca.

Mas, felizmente, tudo muda.


sexta-feira, 15 de novembro de 2013

UMA NOVA GUERRA FRIA


Um dos resíduos mais horrendos que surgiram na esteira da II Guerra Mundial foi a sinistra aliança englobada sob a denominação de complexo industrial-militar que manobra nos obscuros bastidores do poder para gerar negócios suculentos, usando como pano de fundo os conflitos, internos e externos, matéria prima essencial para aumentar a venda de armas letais.

Durante a Guerra Fria essa aliança foi decisiva para salvaguardar os interesses das grandes nações que mantinham o mundo em suspense pela força, ou ameaça de seu uso, ou pela simples possibilidade de abrir uma vez mais as portas do inferno, mantendo à população mundial na corda bamba  por mais de 40 anos, até a derrubada do Muro de Berlin, em Novembro de 1989.

Tempos aziagos que criaram sua própria legião de monstros, tecnológicos e humanos, conduzindo os adversários da época, numa paranóia alucinante, a acumular armamentos e sistemas sofisticados de extermínio em massa suficientes para eliminar 50.000 vezes (cinqüenta mil, mesmo!) toda a vida do planeta. Dá para entender?

Também, período de grandes negócios e ainda de mais fabulosas negociatas e falcatruas monumentais. Ultimamente, infelizmente para nós, mas para alegria do complexo militar-industrial e dos vendedores de armas associados, o negócio está voltando aos tempos áureos das décadas dos 60-70-80, quando também o Brasil fazia, orgulhosamente, parte do seleto clube de exportadores de armas, chegando ao “honroso” 8º lugar entre os maiores do planeta.

Teoricamente, somos um país que prega a paz como uma das conquistas mais preciosas de nosso tempo.. Na Constituição, nos anseios do povo, nos fatos e nos dizeres de seus dirigentes,  é clara a postura do Brasil e seu apego aos valores mais caros da raça humana. Ouvido, seguido e respeitado internacionalmente, nosso País confirma sua vocação pacifista, perfilando-se como uma das grandes esperanças para a construção de um futuro de harmonia entre as nações.

O que não dá para entender, politicagem e interesses inconfessáveis aparte, são as declarações que afirmam a necessidade de incentivos para o setor bélico nacional com o objetivo maior de...melhorar nossa pauta exportadora. Em outras palavras: Será que necessitamos fabricar e exportar armas para ganhar espaço no comércio internacional?

Fico a pensar que será no mínimo interessante observar as reações internacionais quando representantes oficiais brasileiros, em qualquer fórum do mundo, reiterem a defesa ao reinado da paz e dos direitos humanos, fustigando a hipocrisia das nações ricas, especialistas em aplicar a máxima “façam o que eu digo, não o que eu faço”.  E todos  sabendo que,  no mesmo momento, os vendedores de armas barganham os instrumentos de morte “made in Brasil”.  No mínimo, perdemos credibilidade e respeito, interna e externamente, além da oportunidade de fazer a diferença num mundo conturbado.

Até porque, no momento que o Brasil passa a privilegiar a venda de armamentos como um instrumento para aumentar suas exportações, desconsiderando o fato que os “clientes” são, em geral, ditaduras costumasses na violação dos direitos humanos, engrossa a fileira que, observem bem, tem os primeiros lugares cativos pelos ‘grandes” -  EUA, França, Reino Unido, Rússia e China - que produzem 90% das armas do planeta e são responsáveis por 70% das exportações de itens letais e que, ano após ano,  apresentam “novidades” cada vez mais mortíferas e destruidoras, superando largamente àquelas guardadas nos arsenais da Guerra Fria. (Dados da Transparência Internacional).

Em um histórico discurso em Washington, em Abril de 1963, o ex-comandante em chefe das forças aliadas na Europa durante a Segunda Guerra e duas vezes presidente dos EUA, Dwight Einsenhower, advertiu:  “Cada arma fabricada, cada foguete disparado significa no final um roubo para aqueles que tem fome e não tem o que comer, para aqueles que tem frio e não tem abrigo. O mundo das armas não está apenas gastando mal nossa riqueza. Está isso sim desperdiçando o trabalho de nossos operários, a genialidade de nossos cientistas, a capacidade de nossos engenheiros, as esperança de nossas crianças. Temos que admitir o erro fenomenal de tudo isso. Debaixo da nuvem das ameaça de guerra existe um mundo pendurado numa cruz de ferro”.

Mas eles, EUA, França, Reino Unido, Rússia e China, do alto de sua imponência,  também pregam a paz e a convivência pacífica entre os povos. Que juram que defendem os valores da vida e condenam os conflitos entre as nações. Que são – ironia suprema! - os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, organismo superior do poder globalizado e que (teoricamente) tem como missão fundamental a manutenção da paz!

 Haja hipocrisia!






domingo, 3 de novembro de 2013

AS VOLTAS QUE O MUNDO DÁ




O Século XIX esteve amarrado ao poder imperial da Inglaterra. O Século XX permaneceu subordinado ao domínio dos EUA que, nesses últimos anos, está defraudando a todos a medida que perde sua aureola de moralidade e de guia incondicional do caminho que deve ser seguido pelo resto da humanidade.

 O Século XXI parece seguir firme na senda profetizada pelo então presidente da Coréia do Sul, Park Chung-hee´s, quem já afirmava, em 1980, na conferência de apertura da (ASEAN – Associação de Nações do Sudeste Asiático:"O Século XXI será o século do Pacífico. Desde já, as poderosas nações ocidentais podem preparar-se para uma revolução que sacudirá os alicerces da economia mundial e mudará, quem sabe para sempre, o equilibro do poder”.

Proféticas palavras! Catapultados pela “nova revolução econômica” da China, iniciada em 1978, e no meio do turbilhão econômico que balizaram as décadas seguintes e que estavam mudando as regras do jogo do poder, passou quase despercebido que o caminho para as terras do dragão não assinalava apenas uma mudança nos padrões de participação nos fluxos internacionais do comercio mas, fundamentalmente, a conclusão de todo um processo histórico de edificação de um mercado, no qual Ásia estava lutando, com paciência moldada por milênios, para ocupar o lugar principal.

Vale lembrar, por outro lado, que o fator China é decisivo para explicar essa expressiva mudança que se desloca do Atlântico – liderado por Europa/EUA – para o Pacífico, onde desponta indiscutivelmente um novo poder planetário, respaldado por mais da metade da população mundial que não esqueceu – a memória dos orientais, como suas tradições, é sabidamente muito maior que aquela conservada pelos ocidentais – do longo e sofrido período de dominação sob o pesado domínio dos “diabos brancos de olhos azuis”.

No presente, a China e a segunda potência econômica mundial – seu PIB equivale à praticamente 70% de seu similar nos EUA – e são firmes as predições que, no andar da carruagem, nas proximidades de 2030 deverá ocupar o primeiro lugar.

Credenciais?  Não faltam, como os investimentos em ciência e tecnologia equivalentes a quinhentos milhões de dólares...por dia! Ou a formação de mais de 24.000 designers industriais – média dos cinco últimos anos – para dar suporte técnico à transformação acelerada da produção para “Made in China”. Ou um mercado que anda a passos largos para ser o maior do mundo, já nos próximos 2-3 anos e que pode incorporar ainda, até 2050, uma reserva formidável de contingentes de novos consumidores. E por aí vai.
Na realidade a China joga pesado, do alto de seu imponente mercado potencial de 1.350.000.000 de habitantes, dos quais uns 800 milhões em áreas rurais. E que, ávidos dos prazeres “proibidos” do consumo, respondem rapidamente aos estímulos do crédito e de uma renda adicional, prodigamente disponibilizada pelo governo.

Sem esquecer que a China tem no mercado interno o seu “as” de ouro para enfrentar as tempestades dos mercados globalizados. E vale lembrar que a Índia e o Brasil, na proporção, também contam com esses “ases”.

Problemas da China? Imensos, do tamanho de suas potencialidades. Mas a necessária energia, talento e perseverança para sua solução fazem parte da alma dos herdeiros dos construtores da Grande Muralha.
Até para quebrar paradigmas, recente pesquisa de Global Times revela que 50% das mulheres mais ricas do mundo....são chinesas!

E o Brasil? Tem tudo para ousar e ganhar cada vez mais espaço nesse universo de oportunidades, apoiado na amplitude e o alcance estratégico dos acordos Brasil-China que estão em pleno vigor e oferecem um marco seguro para os desbravadores das terras do dragão.